Talvez o filho mais ilustre de Arequipa, o escritor Mario Vargas Llosa, seja mais famoso do que a sua própria terra natal (pelo menos, entre os brasileiros, que parecem só ter olhos para destinos peruanos como Lima, Cuzco e Machu Picchu).
Conhecida também como Ciudad Blanca, essa cidade é um dos destinos que deveriam estar em seu roteiro no sul do Peru.
Arequipa é não só a cidade histórica das construções feitas com rochas vulcânicas brancas, daí seu apelido, mas também endereço de cânions profundos, banhos termais e até residência da múmia em melhor estado de conservação dos Andes.
O único prêmio Nobel de literatura do Peru, o ensaísta e político Mario Vargas Llosa, faleceu no último domingo, 13 de abril, aos 89 anos. A pedido do próprio Llosa, não haverá cerimônia pública e seus restos mortais serão cremados.

O que fazer em Arequipa, terra de Mario Vargas Llosa
Todas as manhãs, os habitantes das altas montanhas de Arequipa deixam suas moradias em áreas de difícil acesso para o show mais aguardado da região: o sobrevoo no Cânion do Colca.
A segunda cidade mais populosa do Peru é histórica e linda, mas são os condores que garantem a atração mais procurada da cidade.
Entre 8h e 10h, essas aves, que chegam a ter uma envergadura de mais de três metros de uma asa a outra, saem em busca de comida, estimuladas pela corrente de ar quente que facilita seu hipnotizante voo deslizante no vazio do Vale do Colca.
Com mais de quatro mil metros de profundidade, o Colca é um dos cânions más profundos do mundo e abriga diversos mirantes, como o Cruz do Condor, usado para observação dos animais.


A versão histórica de Arequipa fica por conta do Monasterio de Santa Catalina, cidadela que abrigou um antigo mosteiro de monjas enclausuradas, a 5 minutos do centro da cidade.
O atrativo é conhecido como “a cidade dentro da cidade”, uma área de 20 mil m² e quatro bairros que remontam à urbanização de Arequipa nos primeiros anos da Colônia. Além da visita aos claustros e praças interiores, o local tem vista para o vulcão Chachani.
A viagem histórica por Arequipa segue no Convento de Santa Rosa, construção de 1747 em homenagem à padroeira do Peru, e no Mirador de Yanahuara, mirante do século XIX com vista para os vulcões Misti, Chachani e Pichu Pichu, a 2 km do centro da cidade.

Das montanhas viemos, para lá voltaremos
Foi com essa crença andina que o Peru conseguiu conservar um dos corpos congelados mais importantes do mundo: Juanita, “a dama do gelo”.
Encontrada intacta, em 1995, a jovem andina teria 14 anos, aproximadamente, quando participou de um ritual de sacrifício humano que a ofereceu ao Apu Ampato. E foram, justamente, as baixas temperaturas no topo desse vulcão sagrado, a 80 km de Arequipa, que preservaram os restos mortais dessa jovem que teria nascido entre os anos 1440 e 1450 d.C.
O corpo em perfeito estado de preservação por mais de cinco séculos foi encontrado a mais de 6.300 metros de altitude e a uma temperatura de 20° negativos. Atualmente, Juanita pode ser vista no Museo Santuarios Andinos, em Arequipa.

Recentemente, o corpo da jovem andina Juanita ganhou uma impressionante reconstrução feita por cientistas do Centro de Estudios Andinos de la Universidad de Varsóvia, na Polônia, e da Universidad Católica de Santa María, em Arequipa.
Para a escultura hiper-realista foram usadas técnicas forenses, a partir de estudos de DNA, características etnológicas e tomografias do corpo da menina. A partir daí, o arqueólogo e artista plástico sueco Oscar Nilson pôde usar a técnica de Manchester para construir o rosto da jovem inca, cujo processo utilizou medidas do crânio e determinou características como as bochechas altas.
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Laguna de Salinas
Considerada o Uyuni de Arequipa, é um salar na Reserva Nacional de Aguada Blanca, a 60 km da cidade.
Assim como no famoso atrativo boliviano, esse salar é um extenso deserto de sal, a mais de quatro mil metros, que na temporada de chuvas garante aos visitantes o famoso efeito espelho de suas lâminas finas de água que refletem o céu.
A região está rodeada também por vulcões nevados como o Misti e o Pichu Pichu.

Próximo das lagoas ficam os Baños Termales de Lojen, piscinas naturais de águas, naturalmente, quentes e de tons azulados. Uma das curiosidades do local é o mini vulcão de Lojen, que permite ao visitante ver sua cratera sem nenhum esforço.
Para entender melhor o título de Cidade Branca, a dica é a Rota do Sillar, um roteiro turístico no distrito de Cerro Colorado, aos pés do vulcão inativo Chachani, nos arredores da cidade.
É ali que o visitante caminha pelas pedreiras de sillar branco tão usado na construção de Arequipa, devido à sua leveza e porosidade, e em tons que vão do branco ao rosado, em razão dos minerais presentes nas rochas.

COMO CHEGAR
Arequipa fica a cerca de 1h15 de avião, de Lima.
Para quem vai por terra, a longa viagem dura cerca de 26 horas, também a partir da capital do Peru.
Saiba mais: www.arequipa.com
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