Conheça Raiatea, o berço dos deuses, na Polinésia Francesa

No oceano Pacífico, uma linha imaginária forma o Triângulo Polinésio, conectando a Nova Zelândia, o Havaí e a Ilha de Páscoa.

E bem no centro, a meio caminho entre a América do Sul e a Austrália, fica o Taiti.

Ainda que distantes umas das outras, essas ilhas, atualmente, estão conectadas por voos que aproximam esses destinos dessa extensa área marinha de cerca de 30 milhões de km².

Entre Papeete, na Polinésia Francesa, e a havaiana Honolulu, por exemplo, são apenas 5 horas de viagem, o mesmo tempo de voo do Tahiti até Auckland, centro financeiro da Nova Zelândia. Já da Ilha de Páscoa, destino ultramarino do Chile, são 4h50.

Mas aquela gente de terras isoladas eram excelentes navegadores e, a bordo de imensas canoas de casco duplo, conhecidas como tipairua, fazia longas viagens marítimas até os vértices do triângulo, deixando ainda menores as distâncias entre as ilhas.

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Lendas da Polinésia
Foi numa dessas travessias que Tafa’i, uma espécie de herói polinésio, teria retirado do fundo do mar o Havaí, reforçando a ideia de que esse arquipélago isolado dos Estados Unidos teria sido descoberto e povoado por povos do Taiti, segundo a lenda que conta a história desse homem que cruzou mares, a bordo de uma piroga dupla.

Atualmente, Hawaiki Nui Va’a é considerada a mais longa maratona de canoa, uma travessia de cerca de 129 quilômetros que acontece em três dias, entre Huahine e a praia de Matira, em Bora Bora, passando também por Raiatea e Taha’a.


O berço dos deuses

Acredita-se que os primeiros moradores do Taiti teriam vindo do sudeste da Ásia. Os ma’ohi fizeram a travessia em grandes canoas, guiados pelas estrelas, há cerca de dois mil anos.

Embora não seja a mais lembrada na hora de fazer turismo no Taiti, Raiatea (“paraíso distante”) é considerada a primeira ilha a ser povoada em toda a Polinésia, e por isso é considerada o ‘berço dos deuses’.

Havai’i, seu nome original, é endereço de um dos destinos mais culturais de toda a região, conhecido como marae (pronuncia-se “maré”), o lugar sagrado ao ar livre para as sociedades polinésias. Espécie de encontro entre o mundo dos vivos e o dos antepassados, foi nessa marae que teria começado toda a expansão polinésia no Pacífico.

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Taputapuatea, centro cerimonial em Raiatea, na Polinésia Francesa (foto: Eduardo Vessoni)

A mais famosa delas é Taputapuatea, exemplar de mil anos, onde se encontram 83 dessas construções, em uma área de mais de dois mil hectares, no extremo de uma península no leste de Raiatea.

Era ali que os mā’ohi, os ancestrais do povo polinésio, realizavam cerimônias religiosas, rituais fúnebres e atos políticos, em um grande pátio com uma pedra em seu centro, segundo descrição da Unesco, órgão internacional que deu a Taputapuatea o primeiro título de Patrimônio da Humanidade a uma área de reconhecimento cultural em um destino francês ultramarino, a 18 mil quilômetros da França.

“Os povos antigos acreditavam que o oceano foi a primeira marae, que deu origem às ilhas e essas fizeram surgir as montanhas. Por isso, há três deuses principais: Tu [ou Ku, em escrita havaiana, em referência ao deus criador), Ta’aroa (deus do mar) e Tane (deus da terra)”, explica Tahiarii Yoram Pariente.

A construção mais sagrada é o Ahu, altar elevado, na parte traseira de uma marae. Um dos exemplares mais clássicos desse tipo de plataforma de pedras é o Ahu Tongariki, na Ilha de Páscoa.

Tongariki, na baía Haga Nui, é a maior plataforma funerária da Ilha de Páscoa (foto: Eduardo Vessoni)
Tongariki, na baía Haga Nui, é a maior plataforma funerária da Ilha de Páscoa (foto: Eduardo Vessoni)

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Para nós é um lugar muito especial, cheio de energia, cheio de Mana (força vital, em português)”
- Susanna Raymond / artista da Nova Zelândia

Um dos destaque do local é a Te Ava-moa, a passagem sagrada que dá acesso a Raiatea, através de uma falha nos arrecifes de corais que separam o oceano das águas calmas da lagoa interior que circunda a ilha.

“Este é o centro e a entrada para Havaii (pronuncia-se ‘ravái’)”, conta o guia Pariente.

Taputapuatea, centro cerimonial em Raiatea, na Polinésia Francesa (foto: Eduardo Vessoni)

Outra curiosidade das marae, presente em várias outras ilhas da Polinésia, é que a construção de cada uma delas teve início com uma pedra retirada de outra marae, formando uma grande rede de setores cerimoniais interconectados. Anualmente, o local reúne visitantes de todo o Triângulo Polinésio em cerimônias culturais.

Reconhecida como uma das ilhas mais sagradas da região, Raiatea cresceu aos pés da Temehani, considerada a montanha mais sagrada de toda a Polinésia.

“Os ancestrais , incluindo havaianos, maoris da Nova Zelândia e os rapa nui da Ilha de Páscoa, acreditavam que quando alguém morria, sua alma (Varua ou Vairua) voltava para esse platô que é o nosso Monte Olimpo, o berço dos deuses”, conclui Tahiarii Yoram Pariente.

ONDE FICA

foto: Eduardo Vessoni

Raiatea está a 193 km do Taiti, cujos voos de Papeete levam cerca de 45 minutos até a ilha.

O aeroporto local fica em Uturoa, capital de Raiatea e segundo polo comercial da Polinésia Francesa, depois do Taiti.

Raiatea é um dos destinos que formam o arquipélago das Ilhas das Sociedade. SAIBA MAIS

COMO CHEGAR

foto: Divulgação

Raiatea fica a 45 minutos de voo de Papeete, a capital do Taiti.

A Air Tahiti opera os voos entre as ilhas e conta com passes que permitem embarques para até oito ilhas e preços mais vantajosos do que a compra individual de cada trecho.

Saiba como chegar no Taiti.

SÓ TEM LÁ

foto: WIkimedia Commons

Raiatea é conhecida por abrigar o único rio navegável do Taiti, o Faaroa, cujas lendas afirmam que esse teria sido o ponto de partida das migrações polinésias para a Nova Zelândia e o Havaí.

Outra atração natural endêmica de Raiatea é a Tiare Apetahi, a gardênia símbolo da Polinésia que só pode ser encontrada nessa ilha.

ONDE COMER
A passagem do Viagem em Pauta por Raiatea foi breve e com o único objetivo de conhecer o início de toda essa história polinésia.

Vista do do Fish & Blue, restaurante em Raiatea, na Polinésia Francesa (foto: Eduardo Vessoni)

Mas uma das experiências mais marcantes na ilha foi o almoço no Fish & Blue (fishandblue@outlook.com), restaurante pé na areia, literalmente, em uma praia privativa, cujo cardápio inclui pratos com peixes do Pacífico Sul e os obrigatórios drinques com rum branco, xarope de coco e frutas.

Banheiro do Fish & Blue, restaurante em Raiatea (foto: Eduardo Vessoni)

O banheiro rústico com vista única do mar é uma experiência à parte desse restaurante na costa oeste da ilha.

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Tahiti          Bora Bora          Taha’a         Moorea

ILHAS DA SOCIEDADE

Localizado no setor oeste da Polinésia Francesa, esse arquipélago abriga os destinos mais famosos da região, como Bora Bora, Moorea e Tahiti, onde fica a capital Papeete, a porta de entrada para turistas estrangeiros. VEJA MAPA

Taha’a, uma das ilhas do Tahiti, na Polinésia Francesa (foto: Eduardo Vessoni)

A Polinésia é formada também pelas Ilhas Tuamotu (Rangiroa, Tikehau, Manihi e Fakarava), Ilhas Marquesas, Ilhas Gambier (Mangareva) e Ilhas Austrais (Rurutu, Tubuai, Raivavae e Rimatara).

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