Não que faltassem motivos cênicos para encantar portugueses naquele final de século 16, mas para defender a nova conquista, a atual capital paraibana ficaria isolada, por décadas, às margens do Rio Sanhauá.
A cidade só avançaria em direção ao mar, a partir dos anos 1940, para nunca mais tirar os pés da areia.
A Paraíba tem menos de 140 km de litoral e os deslocamentos são sempre curtos, entre uma praia e outra. Assim, dá para tomar o café da manhã no extremo sul do estado, almoçar em João Pessoa e ainda sobra tempo para pegar o pôr do sol em um dos últimos trechos selvagens do litoral paraibano, no norte do estado.
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João Pessoa
Só na capital paraibana são 24 km de praias urbanas, entre o Bessa e Jacarapé, passando por faixas de areia famosas como Tambaú e Cabo Branco, os bairros com a maior concentração de serviços turísticos, como hotéis e restaurantes.
São tantas por ali que o dia até se apressa em chegar em uma das praias da Paraíba.
Considerada o ponto mais oriental das Américas, a 14 km do centro da cidade, a Ponta do Seixas é o endereço brasileiro em que o Sol nasce primeiro, onde dá para vê-lo do alto de um mirante sobre uma falésia.
Já o extremo sul da cidade, no limite com o município Conde, é a Paraíba que vê o mar se encontrar com o rio. A Barra de Gramame fica aos pés de falésias de tons alaranjados, onde um banco de areia forma uma lagoa de águas doces, bem enfrente a um mar agitado que não convida para banho.
O Caribe é logo ali
Com 5 km de extensão, a Praia do Bessa não só se transformou em um dos points turísticos mais movimentados do litoral pessoense, como também virou Caribessa.
A alcunha dada pelo empresário David Montenegro se deve aos arrecifes que garantem águas calmas e de tons mais claros que formam piscinas naturais de fácil acesso, onde é possível alugar caiaque e pranchas de SUP.
Assim como define Montenegro, o Bessa, cujas águas mais cristalinas costumam dar as caras entre dezembro e março, “é turismo de contemplação”.
Cabedelo
Não são nem quatro da tarde e o recém-reformado calçadão beira rio de Cabedelo, a 18 km da capital, vai se enchendo de turistas que chegam aos montes para ver a apresentação do músico Jurandy do Sax, uma das atrações turísticas mais procuradas de todo o estado.
O motivo é o Bolero de Ravel que o artista toca, diariamente, no pôr do sol.
Desde que começou, sem compromisso, no início dos anos 90, Jurandy já tocou a música mais de 6.600 vezes sobre uma canoa que vai circulando entre catamarãs atracados no rio Paraíba, em frente ao boulevard que ganhou, recentemente, novas lojas e área gastronômica.
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Extremo norte
Barra do Camaratuba, a cerca de 110 km de João Pessoa, se isola entre duas bocas de rios que formam piscinas naturais que são alternativa às águas agitadas do mar.
Eis a Paraíba do surfe, dos ventos constantes que dão um empurrãozinho para a prática de kitesurfe, das ruas rústicas de areia, das jangadas que riscam rios interiores em comunidades indígenas e dos passeios de bugue por praias desertas até Baía Formosa, distrito do vizinho Rio Grande do Norte.
Na Trilha do Caranguejo Uçá, cujo nome é uma homenagem ao crustáceo símbolo da região, a caminhada começa em águas rasas, segue por um labirinto de raízes aéreas de um mangue e termina no Rio Camaratuba, onde o visitante é levado pela correnteza mansa até um banco de areia que o separa do mar.
Com trechos que podem chegar a seis metros de profundidade, a experiência acontece sobre boias flutuadoras, no interior do Parque Ecológico do Caranguejo Uçá, em Barra do Camaratuba, distrito de Mataraca.
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Extremo sul
Do outro lado do estado fica a Paraíba que nem os paraibanos conhecem.
A 65 quilômetros da capital, aproximadamente, Pitimbu ainda é novidade para os turistas e tem a maior orla de todo o litoral paraibano, uma extensa faixa de 26 km de extensão que abrigam quatro estuários e 13 praias.
De mar calmo e cheio de barquinhos, a urbana Praia de Pitimbu vê sair embarcações para as piscinas naturais do Farol, uma travessia de cerca de 1,5 km que costuma ser surpreendida pela presença de golfinhos.
“Pitimbu demorou para acordar para o turismo, mas tem um potencial muito grande. O mais difícil já temos, a natureza”, afirma Rosângela Arantes Correa, proprietária de uma pousada em Praia Bela.
Para recuperar o tempo perdido, a primeira parada é nessa que é considerada a faixa de areia com melhor estrutura do destino. Tem até uma tirolesa de 150 metros que termina nas águas do rio Mucatu, onde os clientes das 12 opções de restaurantes têm vista privilegiada do encontro do mar com o rio.
Para sentir a brisa no rosto, Praia Bela conta também com passeios de quadriciclo, em que os visitantes são guiados por uma rota de 9 quilômetros até o Estuário do Rio Abiaí, por trilhas interiores que levam a mirantes naturais sobre falésias e dunas multicoloridas.
E assim, sem pressa, a gente descobre uma Paraíba de dentro para fora, como nos velhos tempos da colonização.
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