Impossibilitadas de cair na estrada ou até mesmo ir à escola, as crianças têm na literatura a possibilidade de viajar em casa, em obras infanto-juvenis que são verdadeiras viagens visuais (dos céus aos mares, literalmente).
“Monstros lá de casa”
(Eleonora Marton)
A ilustradora e escritora italiana Eleonora Marton assina esse divertido jogo de luzes sobre monstros caseiros que Lola vê a partir de objetos de casa, mas que desaparecem “pela manhã, quando o sol nasce”, como o monstro Poeirento, uma combinação de aspirador quebrado, carrinho e cadeira velha.
Dá para passar horas lendo o livro com a criança, brincando de adivinhar a quais objetos pertencem aquelas sombras.
“O incrível álbum de Picolina, a pulga viajante”
(Laura Erber e Maria Cristaldi)
Não se trata, exatamente, de um livro para ler letras, mas para bisbilhotar cada detalhe até que se encontre a minúscula Picolina.
São 10 imagens em preto e branco, extraídas de diferentes acervos e com intervenções coloridas que complementam e dão novos sentidos às fotos, como a torneira colocada em uma cachoeira de Mosman, na Austrália, o cogumelo gigante em uma foto antiga de um jardim em Sydney e o cavalo com pés de pato.
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“Viagem ao Brasil submarino”
(Maristella Colucci e Cláudia Carmello)
Considerado o primeiro sobre ambientes subaquáticos brasileiros para o público infanto-juvenil, este livro não é mais um daqueles inúmeros títulos de pegada ambiental para crianças.
É livro que convida o leitor a nadar pelo ainda desconhecido mundo marinho, a partir das experiências de mergulho da autora em destinos como Ilha Grande, Abrolhos, Fernando de Noronha e o litoral norte paulista.
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“Terra de cabinha”
(Gabriela Romeu)
Esse é um relato de viagem sobre as crianças de um destino serrano que (se) inventam no sertão verde do Cariri, a partir de brincadeiras, lendas e histórias coletadas pela autora em diversas visitas à Chapada do Araripe, no Ceará.
Terceiro lugar do Prêmio Jabuti 2017 na categoria Didático e Paradidático, a obra é dividida em 13 breves capítulos, cada um introduzido por versos, cuja temática dá o tom da prosa seguinte: das brincadeiras na terra à corrida de jumento, da fabricação caseira de peteca à procura por Maria Fulozinha.
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“Grande Assim” / “UTshepo Mde”
(Mhlobo Jadezweni)
Escrito originalmente em inglês e na língua xhosa, essa é uma homenagem a um dos onze idiomas oficiais da África do Sul, terra natal do autor. Mas não se trata apenas de um livro sobre ser grande ou defender línguas em via de desaparecer.
Os tons opacos e amarelados das ilustrações de Hannah Morris são uma viagem pela aridez da savana africana e colocam luz sobre assuntos como resolução de problemas, autoestima, aceitação, consciência ambiental e oportunidade para jovens e crianças (e a África negra sabe bem quanto custa a ausência desse último tema).
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“Buriti”
(Rubens Matuck)
Nessa espécie de livro de anotações, as aquarelas do artista plástico paulistano vão do verde ao ocre, assim como nas fases de amadurecimento da planta, e retratam buritis e seu entorno.
Esse livro é inspirado nas viagens do autor pelo interior do Brasil, onde o autor nos leva à época dos antigos livros manuscritos e das ilustrações dos primeiros viajantes europeus no Brasil colonial.
“Lá no meu quintal”
(Gabriela Romeu e Marlene Peret)
Esse livro é um passeio pelos brincares das cinco regiões do Brasil, nos fundos de casa ou na rua, na cidade grande ou em uma comunidade quilombola.
Tudo isso embrulhado em uma sacola de chita, acompanhada de bolinhas de gude e um corrupio de botão do Centro-Oeste.
“Homem-pássaro”
(Caco Galhardo)
Lançado em 2019, essa HQ é resultado de um projeto de roteiro de cinema que não foi para frente. Mas o protagonista João Neto foi.
Nessa divertida obra, João é o jovem ornitólogo que mora em uma árvore da Chapada Diamantina e decide largar tudo para conhecer a rainha da bateria de uma escola de samba carioca por quem se apaixonou ao vê-la na TV.
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“Álbum de família”
(Gabriela Romeu)
Nessa biografia poética, a jornalista e escritora Gabriela Romeu conta a história da trupe familiar Carroça de Mamulengos que, desde sua fundação em Brasília, em 1977, já conta com membros da terceira geração da família Gomide.
Os oito filhos multiartistas, de palhaço a músico, vão sendo apresentados pela autora em uma poesia que ganha tons biográficos com as colagens de Catarina Bessel que insere fotos dos membros do grupo com ilustrações coloridas.
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“Desequilibristas”
(Manu Maltez)
Praticante de skate desde a infância no bairro Sumaré, em São Paulo, o autor avisa logo de cara: é “texto para declame em via pública sobre um skate, pela cidade em chamas”. Autor de opereta, músico e ilustrador, Manu Maltez nos leva para uma viagem urbana, sob o ponto de vista dos skatistas.
Seus traços de nanquim são ágeis e parecem passar em movimento diante dos olhos do leitor, assim como o skatista veloz que passa apressado entre pedestres da cidade grande.
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