Imensidão sem fim: conheça a Lagoa Misteriosa


Com profundidade ainda desconhecida e um primeiro nome que remete à época em que vozes pareciam sair de dentro daquelas águas azuladas, a Lagoa Misteriosa é uma das atrações mais fascinantes do Brasil.

Até onde se conseguiu chegar, o Capão Assombrado, seu nome original, tem 220 metros de profundidade que rasgam paredões verticais que se dividem em poços paralelos que vão dar no desconhecido.

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Localizada em Jardim, município vizinho a Bonito, no Mato Grosso do Sul, a Lagoa Misteriosa é uma das dez cavernas brasileiras mais profundas, segundo o Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil, compilado pela SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia).

E não precisa ser nenhum especialista para explorar essa lagoa escondida em meio à uma vegetação densa.

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Como visitar

Para chegar é preciso fazer uma pequena trilha com acesso fácil por uma escadaria de madeira com 190 degraus que termina dentro das águas da Lagoa Misteriosa.

O atrativo pode ser observado em flutuações com snorkel e colete salva-vidas ou em mergulhos com cilindro que vão de oito a 60 metros, de acordo com a certificação do visitante.

foto: Márcio Cabral/Divulgação

Se por ali a variedade de vida aquática pouco empolga, jardins submersos e rochas de todos os tamanhos fazem da Lagoa Misteriosa um dos cenários mais surreais da região de Bonito, a capital nacional do ecoturismo.

A lagoa é habitat de animais aquáticos como lambari e mussum, peixe noturno parecido a uma cobra.

Suas águas são tão cristalinas, uma das características da Serra da Bodoquena, que a 40 metros de profundidade ainda é possível ver as copas das árvores da mata do lado de fora. Tudo por conta das rochas calcárias da região que servem como um filtro natural que levam para o fundo os materiais sólidos em suspensão, propiciando a famosa limpidez das águas de Bonito.

foto: Márcio Cabral/Divulgação

Porém, entre setembro e abril, suas águas assumem tons esverdeados que não permitem mergulhos na lagoa, devido à proliferação de algas. Apenas mergulhadores avançados e técnicos estão autorizados a explorar a caverna nesse período.

O Recanto Ecológico Rio da Prata, endereço da lagoa, abriga também os rios Olhos d’Água e Prata, conhecido pelas tradicionais flutuações nesses cursos de águas, exageradamente, cristalinas, em meio a dourados, piaus e piraputangas.

E se até hoje sua profundidade é desconhecida, pelo menos já se sabe que os sons ouvidos pelos peões eram, na verdade, os gritos de aves durante o acasalamento.

Mas lá embaixo tudo segue misterioso.


Linda e imensa

Em 2020, a Lagoa Misteriosa conquistou mais um título.

O geólogo e fotógrafo de natureza Márcio Cabral recebeu do Guinness World Records o título de autor da “maior foto panorâmica subaquática”, um registro de 826.9 megapixels de resolução feito em agosto de 2018.

Para quebrar seu próprio recorde, registrado anteriormente com uma imagem de 495,7 megapixels também na Lagoa Misteriosa, Cabral fez novos investimentos como o uso de um ISO personalizado que variava de 200 a 800, de acordo com a profundidade do mergulho, diminuindo assim o ruído da foto nos trechos mais profundos (e escuros).

O resultado é a junção de 28 imagens que deram origem a uma foto de 14,46 metros de largura e 7,23 metros de altura.

foto: Márcio Cabral/Divulgação

Na parte inferior da imagem, Cabral posicionou um mergulhador dentro de uma bolha esférica produzida por ele, a cerca de 20 metros de profundidade, enquanto o fotógrafo estava a 18 metros de profundidade.

“O mais difícil foi juntar tudo em um mesmo arquivo, pois os registros foram feitos exatamente no mesmo local para evitar erro de paralaxe [quando o que se vê no monitor não é o mesmo enquadramento do que o registrado pela câmera], explica Cabral em entrevista por telefone.

Assim como o fotógrafo declarou ao GWR na época do título, “a fotografia me faz lembrar da importância e da necessidade de proteger a natureza, respeitando ainda mais o meio ambiente”.

Especializado sobretudo em fotos noturnas ou em locais com baixa luminosidade, Cabral tem no portfólio registros potentes em locais como as cavernas de Terra Ronca, Patagônia argentina e chilena, e o Salar do Uyuni, na Bolívia.

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