Como é a Trilha da Pedra Grande, na Cantareira

Para chegar num dos mirantes mais exibidos da cidade de São Paulo, existem duas opções.

Uma delas é tomar um transfer que sobe por uma via asfaltada até o local. A outra opção é encarar a nova trilha pelo interior da Cantareira até o mirante natural sobre uma pedra de granito, a 1.010 metros de altitude.

E é claro que o Viagem em Pauta escolheu o caminho das pedras (e da floresta) para ver a cidade, silenciosa, aos nossos pés.

A Trilha da Pedra Grande tem seis quilômetros de extensão (ida e volta), aproximadamente, e dificuldade de grau moderado. Seja pela mata ou por área asfaltada (40 minutos), porém, prepare-se para subir a ladeira.


“Ao final da trilha, a gente chega no mirante, o principal atrativo do núcleo. É super lindo e tem uma vista surreal”, garante o turismólogo que atua no parque, Pedro Jorge de Almeida Moraes.

A caminhada acontece no Pedra Grande, um dos quatro núcleos que formam a região da Cantareira, uma das maiores florestas urbanas do mundo, uma área de quase 8 mil hectares de remanescentes de Mata Atlântica, na zona norte de São Paulo.

Em abril do ano passado, a Cantareira e o vizinho Horto Florestal passaram a ser geridos pela concessionária Urbia Parques que, nos próximos 30 anos, deve investir R$ 56 milhões nas áreas concedidas, como acesso e comunicação visual.

Mirante da Pedra Grande (foto: Eduardo Vessoni)

“Um dos objetivos da Urbia é estabelecer a Floresta Cantareira, maior floresta urbana nativa do mundo, como um dos principais destinos turísticos da grande São Paulo”, explicou, na época, Roberto Ribeiro Capobianco, presidente da Urbia e do Grupo Construcap.

A Trilha da Pedra Grande, por exemplo, passou recentemente por um reformulação e agora conta com estrutura que facilita a interação do visitante com o meio ambiente, como escadas rústicas e corrimãos nos trechos mais íngremes, além de bancos de madeira espalhados ao longo da trilha.

Entre os investimentos recentes que o parque ganhou, o visitante encontrará também placas explicativas sobre as principais espécies de flora encontradas.



Pé na trilha e olhos atentos
Com toda essa estrutura, daí o motivo da entrada ao parque agora ser paga, só não pode perder o foco.

Ao longo da trilha, algumas aberturas naturais na floresta permitem ao caminhante ter uma prévia do cenário que o espera lá no alto, quando um tapete de edifícios repousa aos pés da floresta, de onde é possível ver locais como o Centro e o Pico do Jaraguá.

São Paulo vista da Floresta Cantareira (foto: Eduardo Vessoni)

O Núcleo Pedra Grande tem outras três opções de caminhadas: Trilha do Bugio (330 metros de extensão e grau fácil de dificuldade), da Bica (1.500m / fácil) e das Figueiras (1.200m / médio).

Uma dica para melhor aproveitar a experiência é contratar um guia que possa dar detalhes que a gente nem sempre percebe (ou conhece), como espécies encontradas, como a samambaia-açu que esteve a ponto de ser extinta por conta de seu uso descontrolado.

O Águas Claras, na vizinha Mairiporã, é outro núcleo administrado pela Urbia e é conhecido pelas opções de trilhas, que inclusive podem ser combinadas com a da Pedra Grande. A caminhada até o Lago das Carpas, o principal atrativo do núcleo, tem 1,5 km de extensão e baixo grau de dificuldade.

Lago das Carpas, no Núcleo Águas Claras (foto: Eduardo Vessoni)

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“É uma caminhadinha bem leve e com alguns declives, mas dá para fazer tranquilamente. É onde o visitante tem mais chances de encontrar animais, pois eles passam aqui com mais frequência”, lembra Moraes.

Em outras palavras, é como sair de São Paulo pela floresta e chegar andando na cidade vizinha, por um trecho cenográfico de Mata Atlântica.



A Cantareira é considerada uma das maiores florestas urbanas do mundo e ocupa uma extensa área, entre a capital paulista, Guarulhos, Mairiporã e Caieiras.

Inaugurado há mais de 60 anos, o atrativo é reconhecido pela Unesco como parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, uma reserva que atinge positivamente mais de 25 milhões de pessoas, em 78 cidades das regiões metropolitanas de SP, incluindo a capital e a Baixada Santista.

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DICAS NA TRILHA DA PEDRA GRANDE

– Com que roupa eu vou
Independente da época do ano, as manhãs na Cantareira são sempre frias. Por isso, a dica é começar a caminhada bem abrigado e, conforme as temperaturas forem subindo, ir tirando algumas peças.

Botas ou sapatos fechados, chapéu ou boné e protetor solar também são itens indispensáveis para essa caminhada.

– O que levar
Sem recarga de água, ao longo da trilha, é fundamental levar sua própria garrafinha abastecida.

No topo da pedra, há um café com bebidas e salgados, mas que estava fechado no dia em que o Viagem em Pauta fez a trilha. Na dúvida, leve snacks de trilha.

– Tem banheiro?
Ao longo da trilha, alguns postos intermediários da Urbia contam com áreas de descanso e banheiros.

– Contratação de guia
O serviço de guia custa R$ 10 por pessoa por 1h30 de mediação e deve ser agendado com antecedência pelo e-mail agenda@urbiaparques.com.br


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Lago das Carpas, no Núcleo Águas Claras, na Cantareira (foto: Eduardo Vessoni)

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SAIBA MAIS

Floresta Cantareira

Onde: Entrada pelo portão 5 do Horto Florestal (Rua do Horto, 931). Vale lembrar que não é permitido o acesso de pets nas dependências do parque, mesmo com coleiras.

A portaria do Núcleo Águas Claras (Av. Sen. José Ermírio Moraes, S/N – Sítio Barrocada, Mairiporã) abre apenas nos finais de semana e feriados. Nos demais dias, o visitante deve entrar pela Pedra Grande.

Já o belo e compacto Núcleo Engordador, a versão histórica da Cantareira, fica na Avenida Cel. Sezefredo Fagundes, 19.100, no Jardim Cachoeira.

Quando: De quarta a domingo e feriados, das 8h às 17h (entrada até 16h).
Em janeiro e julho, os núcleos Pedra Grande e Engordador funcionam todos os dias.

Quanto: R$ 50 / R$ 25 (meia-entrada), com acesso também aos núcleos Engordador e Águas Claras.

Para quem optar em subir de carrinho até o mirante, o custo é de R$ 20 por pessoa (crianças até 3 anos não pagam). O embarque e o desembarque acontecem no Portão 5 do Horto, a cada 30 minutos.

www.urbiaparques.com.br


Floresta à noite

Frequentemente, a nova trilha da Pedra Grande ganha a Caminhada Noturna pela nova Trilha da Pedra Grande.

A atividade é conduzida por educadores ambientais da Urbia, concessionária que administra três dos quatro núcleos da Floresta Cantareira, na Zona Norte de São Paulo.

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foto: Divulgação

O trajeto de ida e volta tem cerca de 7 km de extensão e inclui parada de uma hora no Mirante da Pedra Grande, de onde se tem vista da capital paulista, como o Pico do Jaraguá.

A última edição de evento aconteceu no dia 24 de junho.

Para quem está com o orçamento apertado ou não querer tirar o carro da garagem, a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Turismo da cidade de São Paulo têm um programa chamado ‘Vai de Roteiro’, que estimula moradores a conhecerem a própria cidade.

foto: Eduardo Vessoni

São 14 roteiros temáticos e gratuitos em locais como o Baixo Augusta, Vila Madalena, Triângulo Histórico, Floresta Cantareira e até uma visita ao estádio do Corinthians, na Zona Leste.

“É um passeio que cabe no bolso. Tem também um contato com a natureza e é um passeio guiado que a gente conhece todo o contexto histórico do local”, conta a professora Nice da Cruz Milanez, uma das participantes que fez o roteiro em Parelheiros, no último mês de abril.

A maioria dos roteiros tem duas opções diárias de saída, é feito a pé e dura entre 1h30 e 2h. A exceção é o Roteiro Ecoturismo de Parelheiros, que conta com transporte gratuito até esse polo turístico afastado da área urbana de São Paulo.

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5 Comentários

  1. Fiz este roteiro da Pedra Grande, incluindo o Lago das Carpas há 3 semanas atrás, porem de bicicletas MTB… Apesar do valor considerável vale cada centavo investido e recomendo muito seja a pé ou de bike.

  2. Antes o acesso ao parque era gratuito e tinha uma boa estrutura. Mas agora privatizaram e tenho que desembolsar 50 reais para ter acesso a mesma estrutura de antes. Diroito à natureza virou artigo de luxo?

    • Antes por ser gratuito não era limpo ou organizado, e também existia relatos de roubos e frequentadores usando drogas na mata, realmente 50,00 é caro, mas agora me sinto seguro em ir com toda a familia.

  3. De qie adianta ter a maior floresta natural do mundo se temos que pagar? Ou seja, venderam nossa natureza e o direito a conhecê-la, isto é um absurdo, assim, quem não tem recursos não tem o direito de entrar e usar o que é dele por direito.

  4. Conheço esta trilha a muitos anos, sempre fui frequentador do Horto e da Cantareira. um grande problema enfrentado na Cantareira sempre foi a segurança. Com a privatização do parque esperamos que esta segurança seja implantada. Sabemos que isto não ocorre sem custo, mas cobrar pela entrada no parque um valor de R$50,00 não é uma realidade nacional. Talvez a cobrança de uma taxa de preservação com valor inferior a R$10,00 seria mais cabível. Os lucros da empresa deveriam vir com a exploração dos serviços, como o transfer, venda de bebidas, lanches, guias, etc. Mas como sempre digo: no Brasil não se explora o turismo e sim o turista.

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