O documentário “Proibido Nascer no Paraíso” surgiu da indignação da própria diretora.
Em uma viagem a turismo em Fernando de Noronha, em 2010, a diretora Joana Nin ficaria sabendo que nesse arquipélago a 545 km do Recife as grávidas não podem parir na ilha e precisam ir para o Recife 12 semanas antes do parto.
Rodado entre 2017 e 2019, o documentário acompanha três gestantes da ilha que desejam dar à luz no local onde moram, perto de seus familiares. A obra estará disponível na plataforma do Globoplay, a partir do próximo dia 1º de maio. Já o canal GNT exibe o filme no dia 5 de maio, às 23h30.
Como lembra a diretora, o último nativo de Noronha nasceu na ilha há cerca de 15 anos e a maternidade local está desativada desde 2004.
O longa acompanha a rotina de Ione, Harlene e Babalu, três gestantes de famílias que vivem em Noronha há décadas, mas são obrigadas a se deslocar para o continente para realizarem seus partos.
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“Aqui é proibido nascer”
“A minha mãe é noronhense, minha irmã, eu sou noronhense. Eu vou tentar até a última instância”, desafia a grávida Ana Carolina da Silva, a Babalu, um dos personagens mais marcantes dos registros da diretora Joana Nin.
Em nota enviada ao Viagem em Pauta, a diretora conta que “quem vive lá há muitos anos acredita que os nascimentos foram suspensos para evitar que estes bebês reivindiquem direitos no futuro. Como as terras são públicas, os terrenos não podem ser oficialmente vendidos”.
De acordo com as regras locais, nativos têm direito a solicitar a inclusão de seu nome numa lista do programa de habitação local e os terrenos são concedidos por meio do cobiçado TPU (Termo de Permissão de Uso).
Premiada por outras obras com temática feminina (“Cativas – presas pelo coração” e o curta “Visita Íntima”), o novo filme da diretora tem estreia em um formato inovador para o documentário.
“É frustrante fazer um documentário que trata de causas importantíssimas como essa e não conseguir fazer o filme chegar ao público”, descreve.
Para isso, Joana, que também é mestranda na área de documentário de impacto pela PUC-Rio, já organizou sessões privadas, seguidas de debate, para mais de 500 pessoas envolvidas com o tema, em instituições como a Fiocruz, OAB Mulher e Rehuna, rede que se dedica à humanização do parto.
Assim como a cineasta explica, é uma forma de “construir uma rede de apoio em torno de um filme de causa, potencializando seus efeito.
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