O que é greenwashing e por que isso é tão criticado

Com a abertura da COP27, em Sharm El Sheikh, no Egito, o termo greenwashing tem sido uma das palavras mais comentadas nos últimos dias.

Até o Secretário-geral da ONU, António Guterres, entrou na discussão, propondo metas realistas para um dos assuntos mais urgentes no planeta.

No lançamento do relatório do Grupo de Especialistas de Alto Nível sobre a emissão de gases de efeito estufa, na última terça-feira, 8 de novembro, o chefe das Nações Unidas defendeu “tolerância zero para o greenwashing na neutralização de emissões”.

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foto: Akil Mazumder / Pexels.com

O que é greenwashing

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Em tradução literal, greenwashing significa “lavagem verde”, uma espécie de maquiagem usada por marcas que, aparentemente, passam uma imagem de sustentabilidade, sem sequer colocá-la em prática.

Nas palavras do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), trata-se de uma “mentira verde”, um “apelo ecológico para atrair o consumidor” com termos como ‘sustentável’ ou ‘amigo do meio ambiente’ que levam o consumidor a acreditar que está contribuindo para a sustentabilidade ambiental e animal.


De acordo com o relatório da ONU, o greenwashing pode induzir o público a acreditar que uma empresa ou entidade está protegendo o meio ambiente mais do que de fato está.

Especialistas ouvidos para a elaboração do mesmo documento dizem também que as empresas, supostamente, envolvidas na causa ambiental “não podem participar ou fazer com que seus parceiros participem de atividades de lobby contra as mudanças climáticas”.

“Neste momento, o planeta não pode permitir atrasos, desculpas ou mais falsas promessas”, afirmou Catherine Mckenna, ex-ministra do Canadá, em nota da ONU que o Viagem em Pauta teve acesso.

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foto: Markus Spiske / Pexels.com

Entre as diretrizes adotadas, recentemente, um grupo de especialistas preparou durante a COP26 em Glasgow, na Escócia, no ano passado, um documento para tratar do “excesso de confusão e déficit de credibilidade”.

Elaborado por 17 especialistas, o relatório do grupo levou sete meses para ser concluído e traz explicações em quatro áreas-chave definidas pelo secretário-geral da ONU: integridade ambiental, credibilidade, responsabilidade e papel dos governos.

Confira sinais para identificar o “falso sustentável”, segundo o IDEC:

1. Vagueza e imprecisão

‘Sustentável’ e ‘amigo do meio ambiente’ são alguns termos que podem aparecer em embalagens, sem fornecer qualquer detalhe ou explicação de atitudes ambientais concretas.

Por isso, não confie em produtos com expressões mal definidas e vagas. Termos como esses não podem ser usados nas embalagens dos produtos de acordo com a Norma ABNT ISO 14.021/2017. Se você encontrar, é greenwashing.

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foto: Karolina Grabowska / Pexels.com

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2. Parece mas não é

Ambientalmente corretos, porém sem especificar dados científicos, como cosméticos que alegam ser veganos, mas não possuem certificados ou não explicitam ingredientes no rótulo.

Para não cair nessa jogada de marketing, desconfie e pesquise.

3. Dos males o menor

O apelo ambiental pode até ser verdadeiro, mas distrai o consumidor dos impactos ambientais maiores.

Um exemplo prático, de acordo com o IDEC, é um produto descartável afirmar possuir menos plástico, mas, no fim, continua sendo um problema na geração de lixo.

4. História para boi dormir

Embalagens com declarações e reivindicações também podem não serem verdadeiras.

Um exemplo é afirmar falsamente que um produto possui descarte seletivo, quando a empresa não possui controle sobre o mesmo.

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foto: Porapak Apichodilok / Pexels.com

5. Falsos rótulos

Uma determinada embalagem pode sugerir um selo que induz os consumidores a pensar que o produto possui certificação de terceiros e que se trata de um produto verde.

Um exemplo são os rótulos com imagem de uma lâmpada, sugerindo economia de energia com um certificado que não é oficial ou conferido por entidade confiável.

Ainda segundo o instituto, muitas empresas colocam recomendações e sugestões em suas embalagens, como “Preserve o Meio Ambiente” ou “Economize água”, mas por outro lado têm falhas na política socioambiental e nas ações voltadas à sustentabilidade de seus produtos.

Mas só a palavra da empresa não adianta.


Se um fabricante diz que seu produto é vegano ou 100% biodegradável, é preciso entregar provas concretas. Para confirmar a veracidade das afirmações divulgadas, o consumidor pode entrar em contato com o SAC da empresa, via e-mail ou telefone (que devem estar informados no rótulo) e solicitar provas concretas.

Por isso, é importante pesquisar sempre as práticas da empresa e sua política socioambiental. No caso da carência de provas, cobre por explicações e mudanças.

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