Viaduto do Chá como você nunca viu

Mais do que um lugar de passagem, o Viaduto do Chá trazia novos ares para São Paulo.

Inaugurada há 130 anos, sua primeira estrutura em treliça metálica foi um dos grandes marcos da arquitetura paulista e dava ares modernos à provinciana São Paulo da época.

Para celebrar a data, a Chácara Lane, na região da Consolação, traz ao público a exposição “Chá, um viaduto”.

Acervo Museu da Cidade de São Paulo
Vale do Anhangabaú, 1938 (foto: Acervo Museu da Cidade de São Paulo)

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Com curadoria da historiadora Ana Paula Nascimento, a exposição traz ao público acervo com peças de instituições como o Museu da Cidade de São Paulo e o Instituto Moreira Salles, como fotografias, cartões-postais, vídeo, croquis e obras de arte.

“A exposição recupera a cronologia e contextualiza a relevância do Viaduto do Chá, trazendo informações que vão desde a inauguração do primeiro viaduto, feito em metal, até as interferências artísticas levadas a cabo no espaço em dias atuais”, completa.

Entre os destaques da exposição estão registros fotográficos do viaduto feitos por nomes da fotografia brasileira, como Marc Ferrez e Alice Brill.

VEJA FOTOS

Viaduto do Chá

O primeiro viaduto da capital foi idealizado pelo francês Jules Martin, no mesmo período em que a Torre Eiffel surpreendia o mundo, em Paris, aliás, erguida com o mesmo material daquele novo símbolo paulista.

A estrutura se tornaria a principal ligação entre a colina do Triângulo Histórico e o então Centro Novo de São Paulo, como era chamada a região de expansão e modernização da cidade, a partir do século 19.


“Sobretudo, interessa levar ao conhecimento e à reflexão o simbolismo, o caráter representativo dessa estrutura para a cidade”, explica a curadora e historiadora Ana Paula Nascimento.

Embora tenha sido desenhado em 1877, a obra só seria entregue à população 15 anos depois, em 6 de novembro de 1892.

Novo Viaduto do Chá Projeto
Novo Viaduto do Chá, na década de 1930 (foto: Elisário Bahiana)

O novo Viaduto do Chá

Não demoraria muito para que o setor começasse a ganhar nova cenografia, como o surgimento de edifícios de fachadas europeias e o Parque Anhangabaú, concluído no final da década de 1910.

O nome dado ao viaduto é uma referência ao Morro do Chá, na encosta da atual Rua Xavier de Toledo, onde (quem diria!) tinha até plantações de chá, em pleno Vale do Anhangabaú.

No entanto, em pouco tempo, São Paulo já se esforçava para ser moça grande com suas fábricas, bondes e buzinas. A cidade se agigantava, e o Viaduto do Chá dava sinais de fadiga.

Viadutro do Chá
Vale do Anhangabaú, na década de 1940 (foto: Autor desconhecido)

A forte urbanização do Centro, que deixava de ser “quintal” para se transformar em “centro simbólico”, nas palavras da curadora da exposição, obrigou então a substituição da antiga estrutura, de modo que a Prefeitura criou um concurso para a construção de outro viaduto no mesmo local, durante a década de 1930.

Assim como lembra Ana Paula, é naquela época que ocorre a maior travessia de pedestres e trânsito intenso da cidade.

Inaugurada em 18 de abril 1938, ao lado do antigo viaduto, a nova estrutura de concreto armado foi idealizada pelo arquiteto Elisário Bahiana, autor também de outro clássico da região, o edifício em frente ao Teatro Municipal que, por anos, abrigou o Mappin.

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Como é a exposição do Viaduto do Chá

A mostra ocupa sete salas de dois andares da Chácara Lane, como a galeria com fotos feitas ao longo da existência do viaduto, cartões-postais e reproduções do projeto de Jules Martin.

Além da sala com imagens que comparam as duas versões do viaduto, o visitante poderá ver também uma maquete tátil da obra.

Mutante como a cidade que retrata, a exposição inaugurou em janeiro uma sala com imagens do viaduto feitas pelo fotógrafo Cristiano Mascaro e uma projeção imersiva a partir de uma filmagem realizada por drone ao redor do Viaduto e do Vale do Anhangabaú.


Chácara Lane

Esse imóvel tombado do final do século 19 foi uma chácara até os anos 1940 e servia como uma espécie de casa de campo de moradores mais abastados do núcleo urbano da região central da cidade.

Antiga residência do Reverendo George W. Chamberlain, o local abrigou a sede da Escola Americana, que daria origem à Universidade Presbiteriana Mackenzie.

SAIBA MAIS

Chá, um viaduto”
Chácara Lane (Rua da Consolação, 1024, Centro – entre as ruas Itambé e Piauí)

De terça a domingo, das 9h às 17h (até 28 de junho)

entrada gratuita

www.museudacidade.prefeitura.sp.gov.br

2 Comentários

  1. Que gratificante, poder conhecer um pouco mais sobre a história de nossa querida São Paulo.Esta exposição é uma viagem no tempo até chegarmos aos dias atuais. Parabéns pela iniciativa, Ana Paula Nascimento. São Paulo agradece.

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