De tropeiros a imigrantes, de índios a imperador, a muralha verde que se debruça sobre o mar já viu passar todo tipo de viajante.
Com cerca de 1.500 km de extensão, a Serra do Mar é uma cadeia montanhosa que forma o maior corredor biológico da Mata Atlântica no Brasil, entre o Espírito Santo e Santa Catarina. Só em São Paulo, por exemplo, essa bolha verde abraça mais de 20 cidades, incluindo a Região Metropolitana, o Vale do Paraíba e o Litoral Norte.
“O Parque das Neblinas funciona como uma zona de amortecimento para proteção do Parque Estadual da Serra do Mar e para segurar a pressão das áreas urbanas que vem cada vez mais crescendo para cima das áreas verdes”, explica Cleia Araújo, analista de sustentabilidade do Instituto Ecofuturo, ONG da Suzano a cargo da gestão dessa área verde de sete mil hectares, em Mogi das Cruzes.

O QUE FAZER NA SERRA DO MAR
Núcleo Curucutu
Entre São Paulo, Itanhaém, Mongaguá e Juquitiba, esse núcleo é conhecido por um circuito que reúne três trilhas: Mirante, Bica e Capelinha.
De dificuldade média, esse percurso de 1,6 km passa por atrativos como a capelinha histórica erguida por antigos moradores, o marco entre os municípios de São Paulo e Itanhaém, e um mirante elevado que, em dias de céu claro, permite avistar a Estação Ecológica da Jureia e municípios litorâneos como Praia Grande, Peruíbe e Mongaguá.
Com entrada por Marsilac, distrito no extremo sul da capital paulista, esse parque está a 60 km da Praça da Sé, aproximadamente, e a apenas 15 km de Itanhaém, no litoral sul.
Núcleo Itutinga-Pilões
Um dos destaques é o parque Caminhos do Mar, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Além de opções de trilhas históricas como a Estrada Velha de Santos (16 km) e a Calçada do Lorena (7 km), uma via de pedras por onde dom Pedro I passou para proclamar a independência do Brasil, o parque abriga também a Trilha da Cachoeira da Torre.
Essa caminhada puxada de nove quilômetros de extensão (ida e volta) passa por uma antiga rota de acesso à uma torre de transmissão de energia elétrica, de onde se tem vista para o litoral e acesso para um conjunto de pequenas quedas d’água.
Apesar de contar com áreas para banho, vale lembrar que a trilha não tem vista nem acesso para a sequência de quedas que totaliza 130 metros.
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Núcleo Cunha
Com mais de 13 mil hectares e uma das maiores biodiversidades de todo o parque, esse núcleo a 230 km da capital paulista fica próximo a Paraty, no litoral sul fluminense.
O destaque são as cachoeiras que podem ser visitadas em trilhas autoguiadas ou com acompanhamento de guias contratados no local, margeando cursos d’água como os rios Bonito, Ipiranga e Paraibuna.
Entre as opções estão a Trilha do Rio Paraibuna, caminhada autoguiada de 1,7 km de extensão (ida e volta), passando por pequenas quedas d’água e piscinas naturais para banho, e a das Cachoeiras, com 14,4 km (ida e volta) e trechos que podem ser feitos de carro ou de bike.

Núcleo Bertioga
Na microrregião de Santos, na Baixada Santista, tem o melhor trecho preservado de Mata Atlântica do litoral paulista.
A atração mais conhecida são as trilhas do Rio Itapanhaú, uma caminhada de alta dificuldade com duração de 8h, margeando o Itapanhaú e com acesso a prainhas de águas doce, samambaias gigantes e a Véu da Noiva, a maior cachoeira da região, conhecida também como Cachoeira do Elefante.
Núcleo São Sebastião
Esse núcleo no litoral norte paulista tem mais de 26 mil hectares e abrange cerca de 70% do município de São Sebastião e parte de Caraguatatuba.
Para conhecer seus atrativos naturais, a regra por ali é caminhar.
O parque conta com opções como a trilha até o mirante Maresias – Paúba (2 km, aproximadamente), a da Praia Brava de Boiçucanga (3 km) e outras duas na região de Barra do Una, como a Barra do Una – Água Branca (3 km) e a Trilha dos Poções – Barra do Una (2 km), ambas apenas com acompanhamento de guia cadastrado.
Caraguatatuba e Picinguaba
Esses dois núcleos, também no litoral norte paulista, são conhecidos por atividades de ecoturismo como a observação de aves e trilhas exigentes como a dos Tropeiros (8 km), em Caraguá, e a do Corisco, caminhada de 20 km entre Picinguaba e Paraty, no Rio de Janeiro.
Núcleo Santa Virgínia
Esse trecho de Mata Atlântica no Vale do Paraíba abriga destinos como a histórica São Luiz do Paraitinga, a 170 km de São Paulo.
O turismo por ali tem atividades com rafting no Rio Paraibuna e trilhas com acesso a cachoeiras, com extensões que vão de 5,6 km (Trilha da Pirapitinga) a 17 km, até o Pico do Corcovado, no limite entre a serra e Picinguaba, no Litoral Norte.

Parque das Neblinas
Embora esteja fora da área do parque estadual, essa reserva particular fica em Mogi das Cruzes, a 115 km da capital.
Um dos destaques do Parque das Neblinas é a variedade de trilhas bem estruturadas que o visitante pode fazer, em rotas que vão de inocentes 360 metros a 11 km de extensão. As caminhadas, de dificuldades fácil e média, contam com opções de roteiros autoguiados e monitorados.
É no Itatinga que acontece também a cenográfica canoagem de 1 km nas águas tranquilas desse rio que nasce dentro do Parque das Neblinas, corta a Serra do Mar e segue em direção a Bertioga, no litoral paulista.
“O grande brilho do Rio Itatinga é essa calmaria dele, que vira esse espelho, e a água cristalina que você vê o fundo”, descreve o guia Mateus Frias Botelho, para quem a experiência é mais de contemplação do que adrenalina.
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