O que fazer na Ilha Grande (RJ)

De trilhas isoladas a excursões muvucadas em barcos lotados de turistas que saem da Vila do Abraão, a Ilha Grande tem opções para todos os perfis de viajantes.

São tantas atividades que esse destino no litoral sul do Rio de Janeiro é aquele tipo de viagem que não cabe na mesma viagem. É lugar para voltar, algumas dezenas de vezes.

São quase 200 km², mais de 100 praias e 12 enseadas. Em outras palavras, não vão faltar lugares para fazer trilhas, mergulhar em águas rasas ou, simplesmente, fazer nada em faixas de areia abrigadas.

Grande no nome e imensa na variedade de atrações.

1rd_Praia do Aventureiro
foto: Wikimedia Commons

QUANDO IR
O verão é marcado por águas mais quentes com temperaturas de até 35 ºC, porém com probabilidade de tempestades tropicais.

Já no inverno (de maio a agosto), os dias são mais secos e as águas frias. Por outro lado, essa é a temporada mais indicada para navegação e para quem não faz questão de praias, cujos mergulhos são em águas mais claras.

A média temporada vai de março a abril e de setembro a dezembro, quando os dias são um pouco mais quentes, porém com águas ainda frias.


O QUE FAZER NA ILHA GRANDE

Vila do Abraão
É a sede da ilha, onde está a maioria das opções de hospedagem, além da concentração de comércio, como restaurantes e operadoras de turismo.

É no cais dessa vila de menos de dois mil habitantes que chegam as embarcações de Angra, lotadas de turistas. Em certas épocas do ano, é ali que ele testa seu nível de paciência nesse que é um dos lugares mais muvucados de toda a ilha.

foto: Eduardo Vessoni

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Mar de Dentro
Conhecido também como Costa Continental, esse setor interior tem quase 100 praias de águas mais escuras e abrigadas. É ali que o visitante encontra enseadas com praias de pequenas extensões e mar convidativo.

Última enseada do lado abrigado da ilha, no extremo oposto à Vila do Abraão, Araçatiba é endereço de alguns dos locais mais preservados do sul do Mar de Dentro, como as pequenas e tranquilas praias Vermelha, Itaguaçu e Araçatibinha.

Na Enseada do Sítio Forte, montanhas abraçam praias minúsculas de águas mornas sem ondas como Passaterra, um vilarejo de apenas 50 moradores.

Considerada uma das mais abrigadas da ilha, é conhecida pela comunidade de descendentes japoneses da indústria pesqueira, a partir dos anos 30. Com a escassez de sua principal matéria-prima, nos anos 70, as empresas trocaram a fabricação de sardinhas em lata e a salga de peixes pelo turismo, como as pousadas que funcionam em antigos galpões da época, como a Maria Bonita, das famílias Hadama e Uehara.

Passaterra, em Ilha Grande (foto: Eduardo Vessoni)

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Outro destaque é a Lagoa Verde, cujo nome original é Boqueirão da Lagoa. O local é usado para prática de snorkel em costões rochosos com águas de tons claros, em meio a cardumes, corais e, sem muito esforço, tartarugas marinhas.

A Enseada do Sítio Forte é outra sugestão para quem procura tranquilidade. Considerado uma das baías mais abrigadas de toda a ilha Grande, esse recuo mais acentuado de terra abriga águas calmas e é um dos endereços mais tranquilos da Costa Continental.

Mar de Fora
Na Costa Oceânica, o mar de águas azuladas é sempre agitado e tem praias que entram fácil em listas das melhores faixas de areia do mundo, como Aventureiro, Parnaioca e Lopes Mendes. Sem opções de hospedagem, exceto campings improvisados, é a versão mais isolada da região.

O lado de fora da ilha pode ser explorado em um trekking de 30 km de extensão, com pernoites em casas de pescadores. Com um mínimo de preparo físico e sem necessidade de experiência em caminhadas de longa duração, os participantes andam cerca de 10 km por dia e passam por faixas de areia como Lopes Mendes, Dois Rios e Aventureiro.

Mirante do Aventureiro (foto: Wikimedia Commons)

Turismo histórico
As atividades turísticas começaram a se desenvolver, a partir de 1994, com o fechamento do Instituto Penal Cândido Mendes, mas a Ilha Grande parece disposta a apagar seu passado.

Suas construções históricas ainda resistem ao tempo e ao descuido, em endereços como o Lazareto, antiga área de isolamento de pessoas com doenças infectocontagiosas, na Vila do Abraão, e o temido Cândido Mendes, em Dois Rios, que encarcerou presos políticos como Graciliano Ramos, Madame Satã e Fernando Gabeira.

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Trilhas
São 16 trilhas oficiais, ao longo de 100 quilômetros de caminhos que levam a praias e endereços históricos, a partir de localidades como Araçatiba, Bananal e Abraão.

As opções vão de caminhadas leves, como a T4 que passa pela Lagoa Azul e a Igreja do Divino Espírito Santo, a trekkings puxados como a T08 (quase cinco quilômetros de caminhada íngreme, entre Enseada de Araçatiba a Praia de Provetá) e a T09 (Provetá-Aventureiro).

Seja qual for seu nível de preparo físico, só não dá para evitar a trilha que vai da Praia do Pouso, na Enseada de Palmas, até a popular Lopes Mendes (T11). Em pouco mais de 30 minutos e um quilômetro de caminhada é possível chegar a essa praia de 2,7 km de extensão, eleita uma das mais belas do mundo (mas que pode frustrar quem chega em dias nublados).


Gruta do Acaiá
Próximo à Enseada de Araçatiba, esse atrativo natural é somente para os fortes.

Trata-se de uma fenda em uma rocha com acesso por uma escada de madeira que leva até uma lagoa interior, alimentada pelas águas do mar.

O acesso é por um corredor baixo e sem iluminação, em terreno escorregadio e úmido. E, no final da visita, a gente custa a entender se é caverna com mar, mar com caverna ou um daqueles cenários surreais que ninguém se atreve a explicar.

Gruta do Acaiá (foto: Tati Melo/Divulgação)

Mini cruzeiro
A bordo de um catamarã de 75 pés, esse mini cruzeiro exclusivo com apenas oito cabines faz roteiros por Paraty e Ilha Grande, com até três noites a bordo.

O embarque é na cenográfica Marina do Engenho, em Paraty, e o cardápio de atividades pode ser adaptado de acordo com o perfil do grupo (mergulho, família ou corporativo). Entre as opções, é possível fazer snorkeling nas ilhas Comprida e dos Ratos, caminhada panorâmica, entre o Pouso da Cajaíba e a Praia de Martin de Sá, e navegações nas ilhas do Algodão e da Cotia.

O roteiro de dois dias custa R$ 2.750 por pessoa, em cabine dupla, e inclui atividades em terra e todas as refeições (atlantisdivers.com.br).

foto: Enterprise Divers

Mergulho de batismo
A Ilha Grande é um dos picos mais procurados para mergulho, em todo o litoral brasileiro, cujo amigável Mar de Dentro é o melhor ponto, com áreas costeiras de menor profundidade e águas tranquilas.

A gente até tenta adiantar as sensações de um mergulho de batismo, atividade em que se mergulha a uma profundidade de até 12 metros, guiado por um instrutor. Mas a mente sempre vai mais longe, o ar parece querer faltar e o frio na barriga insiste em confundir mergulhadores de primeira viagem submarina.

No entanto, a experiência é antecedida por explicações sobre os principais equipamentos usados em um mergulho, seguidas de um breve treino para que o iniciante se acostume com aquela parafernália aquática, já na água, mas ainda na superfície.


Liveaboard
A Ilha Grande tem diferentes condições de mar, tanto para mergulhadores em treinamento como para os mais experientes. São, ao menos, 50 pontos de mergulho e 14 naufrágios mapeados e mergulháveis.

O Enterprise (atlantisdivers.com.br) é um catamarã com oito cabines com banheiros individuais, pensão completa preparada por um chef de cozinha (inclusive os necessários lanches para matar a larica, entre um mergulho e outro) e assistência em todas as operações.

Esse liveaboard, como são chamados os barcos exclusivos para mergulhadores credenciados e acompanhantes, explora pontos de mergulho da Ilha Grande, durante três dias, nas regiões de Paraty e Ilha Grande.

Jorge Grego (foto: Rafael Esteves/Captain Dive)

Ilha do Jorge Grego
Sem ponto de ancoragem e com mar sempre mais agitado, essa fenda rochosa é uma das experiências mais marcantes em toda a Ilha Grande.

Essa imensa rachadura fica em um paredão profundo e com a maior concentração de vida marinha de toda a ilha, onde é possível mergulhar até o final dela e, dali, subir à superfície do interior daquela lança rochosa.

“Esse é o melhor ponto de mergulho de toda a Ilha Grande. E, entre todas as costeiras e enseadas da ilha do Jorge Grego, a fenda é o melhor”, define Tatiana Melo, instrutora de mergulho e guia na ilha, há 23 anos.

COMO CHEGAR DE SÃO PAULO

de ônibus
A partir do do Terminal Tietê, dá para ir de ônibus, uma viagem de cerca de 7h40 até Angra dos Reis, pela viações Reunidas Paulista (reunidaspaulista.clickbus.com.br) e Flixbus (flixbus.com.br).

de carro
A viagem começa na Dutra (BR-116) e segue até a Presidente Getúlio Vargas (RJ-155), rodovia que liga as cidades de Barra Mansa e Angra dos Reis. Dali, continue pela Rio-Santos até Angra, a 470 km da capital paulista.

A viagem por Guaratinguetá (SP-171), que começa no km 65 da Dutra e segue até a estrada Cunha-Paraty, é a opção cenográfica que vale como atrativo turístico, mas exige atenção. Outra opção é seguir pela Dutra até São José dos Campos e dali pela Rodovia Tamoios até Caraguatatuba, no litoral norte paulista.

de barco
Para entrar na Ilha Grande, é preciso pegar as barcas (R$ 20,50) que saem do Cais da Lapa, no centro de Angra dos Reis com destino à Vila do Abraão, uma travessia de 1h20, aproximadamente. As saídas são às 15h30 (durante a semana) e às 13h30 (finais de semana e feriados).

Algumas pousadas, porém, costumam incluir nas diárias o transporte em embarcações particulares.

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