Fechada durante a ditadura militar, Panair vai virar filme


Conforme anunciada pela colunista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, a história da Panair, fechada em fevereiro de 1965, durante o governo de Castelo Branco, vai virar filme.

A companhia aérea, famosa por seus serviços de excelência, operou no Brasil, entre 1930 e 1965, com voos para destinos do Oriente Médio, Europa e América do Sul, cujas viagens eram um evento social com listas de passageiros publicadas até em jornais.

Mas daí chegou a ditadura militar e colocou, para sempre, a empresa no chão.

foto: Jaime Accioly / Museu Histórico Nacional – Coleção Panair do Brasil

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Ainda sem detalhes da produção, o filme é uma adaptação do livro Pouso Forçado, do jornalista Daniel Leb Sasaki, que também participa da adaptação de sua obra para a telona, junto com o produtor associado Ricardo Severo e a OH Features, de Steven Phil e Tamires Serket.

Na época do seu fechamento, a Panair contava com uma frota de 24 aviões e voava para 14 países, em quatro continentes. Já com a aquisição da respeitada oficina mecânica Celma, em 1957, a aérea passaria a ter a maior estrutura aeronáutica de manutenção de motores em todo o Brasil, uma espécie de autorizada na América Latina pelas fabricantes mundiais.

Cinco anos antes de fechar, a empresa já contabilizava quase seis mil travessias do oceano Atlântico e o piloto Coriolano Tenan se orgulhava de suas mais de 26 mil horas de voo.

foto: Jaime Accioly / Museu Histórico Nacional – Coleção Panair do Brasil

Assim como lembra Sasaki, em entrevista para o jornalista Eduardo Vessoni, editor do Viagem em Pauta, a falência decretada pelo juiz Mário Rebello foi “um golpe sobre o golpe”, já que na época a empresa empregava cinco mil pessoas, contava com aeroportos próprios e tinha serviços de correio aéreo.

Por isso, o caso foi considerado arbitrário e sem nenhum amparo legal, e era visto como uma perseguição política aos sócios Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen, identificados com os governos de JK e João Goulart.

“Não se espatifou no chão, naturalmente, por enfermidade. Foi abatida enquanto alçava voo”, descreve Sasaki, cujo livro detalha as manobras por trás do fechamento da aérea.


No final do ano passado, após 58 anos, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania aprovou o pedido de anistia política post-mortem do acionista majoritário da Panair do Brasil S.A, Celso da Rocha Miranda.

A relatora do caso, a conselheira Vanda Davi Fernandes de Oliveira, acatou as provas documentais e atestou que “o fechamento da Panair foi resultado de perseguição política aos sócios e controladores, além de interesses ocultos e a busca por estabelecer um monopólio nas linhas internacionais de voo”.

Em nota, o Governo brasileiro, que durante o julgamento emitiu pedido oficial de desculpas pelas violações dos direitos individuais, diz que o fechamento da companhia aérea “afetou não apenas os acionistas, mas também os cinco mil funcionários e suas famílias”.

O caso ficou conhecido como “a 1ª perseguição da ditadura militar contra uma empresa”, além de causar também uma crise humanitária, já que o Norte do Brasil deixaria de contar com voos da Panair que, desde o início dos anos 30, operava hidroaviões na Amazônia para levar suprimentos a pontos isolados do país.

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foto: Jaime Accioly / Museu Histórico Nacional – Coleção Panair do Brasil

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* com informações do site Gov.br

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