Adiada por conta das chuvas que deixou o Rio Grande do Sul debaixo d’água, a 12ª edição do Polentaço de Monte Belo do Sul, na Serra Gaúcha, tem novas datas.
A tradicional festa em homenagem ao prato símbolo do legado deixado pela imigração italiana será nos dias 2, 3 e 4 de agosto, nessa cidade gaúcha, a 140 quilômetros de Porto Alegre.
Dessa vez, o evento terá dois tombos de polenta gigantes, opções gastronômicas a base do alimento e atrações artísticas, como a curiosa exposição de esculturas feitas com… polenta.
“Devido a tudo que o Estado vem enfrentando, essa edição representa muito mais do que a essência e as tradições do povo montebelense, mas também sinônimo de resiliência e esperança por dias melhores”, analisa Alvaro Manzoni, Secretário de Cultura e Turismo de Monte Belo do Sul.
Polentaço
Sem dúvida, a principal atração da festa é o tombo da polenta gigante, com cerca de 800 kg, que em 2024 acontece em duas datas: no sábado (3/8), às 16h45, e no domingo (4/8), às 14h30.
Além da distribuição gratuita do produto, o público contará também com uma exposição de esculturas feitas a base de polenta, cujas obras de arte ficam expostas durante todo o período do evento e são confeccionadas pela própria comunidade.
Nessa competição, moradores se juntam para a criação de obras que podem ser feitas não só com polenta, mas também com materiais de sustentação, como madeira, papelão ou até plástico. Em alguns casos é usada também a polenta brustolada, como é conhecida a versão mais queimadinha do alimento.
Na edição de 2019, a última antes do início da pandemia, foram apresentados trabalhos como recriações de uma capela, de uma casinha típica de imigrantes italianos e até de cenas do cotidiano. A depender das dimensões da arte final, cada peça é feita com cerca de 10 quilos de farinha e 40 litros de água.
Os vencedores, eleitos por 15 jurados, ganham um caldeirão para fazer polentas, conhecido como calheira.
Embora o concurso de esculturas tenha sido pensado como algo inusitado desse evento bianual criado por Álvaro Manzoni, ele conta que o “pessoal acha que o diferencial mesmo é o próprio tombo da polenta”.
Para a preparação da polenta servida gratuitamente para a população, os trabalhos começam bem cedo e seguem até às 14h30, quando é feito o tradicional tombo do alimento em um tabuleiro gigante, onde 12 homens se revezam em turnos para mexer o líquido no caldeirão com imensas espátulas de madeira.
VEJA VÍDEO DO POLENTAÇO
De mole a brustolada, a polenta ganha também um espaço gastronômico exclusivo nesta edição.
A programação do Polentaço, que ocorre junto à 10ª Festa do Agricultor, terá ainda 15 atrações artísticas e musicais, e oficinas de mosaico artístico e pintura em tela com vinho.
Para chegar de carro ou de ônibus, a via mais recomendada é pela BR-116, com algumas opções de empresas que fazem viagens de São Paulo para Bento Gonçalves ou Caxias do Sul, ambas com 17 horas de duração.
O aeroporto mais próximo é o Caxias do Sul, a 57 quilômetros de Monte Belo do Sul. Já o aeroporto de Canoas, alternativa durante o fechamento do terminal de Porto Alegre, fica a 124 quilômetros.
Barril de vinho
Monte Belo do Sul é conhecida também por outra experiência inusitada.
No galpão da Mesacaza, a rotina do experiente Eugenio Mesacaza parece a mesma da época em que ele aprendeu a montar barris de vinho com o pai, Miguel Arcângelo, aos 15 anos de idade. Ele é considerado um dos últimos tanoeiros da Serra Gaúcha, como é chamado o profissional que produz barris de madeira para armazenamento de vinhos e cachaças.
As peças começam a se encaixar, literalmente, quando ele e o filho Mauro detalham o processo de fabricação de tonéis com madeiras como bálsamo, cabreúva, grápia, umburana e carvalho recondicionado.
Eugenio e o filho ainda mantêm a tradição da confecção artesanal dos barris, mesmo com a queda do número de pedidos, devido ao uso cada vez mais comum de tanques de inox nas vinícolas.
Com peças exportadas para os Estados Unidos e países europeus como França, Irlanda e Escócia, a empresa produz por semana cerca de 30 barris de 225 litros e outros 10 de 700 litros.
É tudo tão exclusivo que, para a visita gratuita, só recebem famílias e pequenos grupos, mediante reserva antecipada. No local, é possível também provar cachaças parceiras em barris da Mesacaza.
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