Chapada das Mesas é destino para amantes de cachoeiras

Nessa região isolada do Nordeste, no sudoeste do Maranhão, não tem estabelecimentos de luxo, bar pé na areia, muito menos restaurantes de chefs estrelados.

E ninguém se importa com isso.

Bem pertinho do limite com Tocantins, a Chapada das Mesas é uma extensa área protegida, onde emergem 400 nascentes, correm 22 rios perenes e caem cerca de 89 cachoeiras, entre tantas outras quedas d’água ainda não catalogadas ou abertas ao público.

Não à toa, é conhecida como Paraíso das Águas.

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Chapada das Mesas

É formada por dez municípios, entre eles Imperatriz e Riachão. Mas a porta de entrada é Carolina, cidade com pouco mais de 24 mil habitantes e principal base para quem visita a chapada.

Falta gente, mas sobram atrativos naturais.

O maior deles é o Parque Nacional da Chapada das Mesas, cujo nome é uma referência aos planaltos de cume em forma de mesa que brotam em imensos campos verdes a perder de vista.

Criado em 2005, o parque é um dos mais novos do Brasil e vê o encontro de três biomas brasileiros, em uma área de transição entre o Cerrado, Caatinga e, quem diria, a Amazônia. É como caminhar, ao mesmo tempo, entre paredões areníticos milenares que se elevam sobre uma savana brasileira que flerta com florestas amazônicas.

Mas o que impressiona mesmo é a potência das águas no interior desse parque a pouco mais de 80 quilômetros de Carolina. Divisor natural entre as cidades de Estreito e Carolina, o rio Farinha garante o espetáculo das duas únicas atrações do local, abertas à visitação pública.

Cachoeira de São Romão (foto: Eduardo Vessoni)

A Cachoeira de São Romão é considerada a maior da Chapada das Mesas em volume d’água.

Aos pés dessa queda de 25 metros de altura, uma piscina natural permite banhos em águas calmas e prática de caiaque. Mas a experiência mais impactante por ali ainda é a caminhada até uma caverna na parte posterior da cachoeira que serve como refúgio de andorinhões do cerrado.

Não muito longe dali, a outra atração do parque nacional é o Prata, uma sequência de cachoeiras de até 18 metros que escorrem por paredões rochosos, antes de desaguarem no rio Farinha.

Para chegar em ambas cachoeiras, trilhas curtas e de baixo nível de dificuldade partem das sedes das áreas privativas em que se encontram as atrações, onde também é possível fazer refeições com pratos encomendados, previamente, como tambaqui, carne de sol ou galinha caipira.

O acesso é apenas em carros 4×4 que riscam caminhos estreitos de areia fofa e terreno irregular que se altera com a passagem dos raros automóveis que cruzam essa unidade de conservação.


Do alto

Para ver tudo aquilo do alto, a regra é subir.

Já em área externa do parque, o Portal da Chapada é outro clássico do destino, onde uma trilha de areia, com quase 300 metros, leva o visitante até uma fenda rochosa, em um mirante com vista panorâmica de um imenso tapete verde que abriga o Morro do Chapéu, o ponto mais alto da região, com 365 metros de altura.

Se você tinha dúvidas sobre o talento cênico da Chapada das Mesas, programe-se para ver o pôr do sol lá do alto.

Mas o turismo na Chapada das Mesas se fez muito além dos limites do parque e acontece em empreendimentos particulares bem estruturados.

Portal da Chapada das Mesas (foto: Eduardo Vessoni)

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Ver para crer

A gente demora para entender o que vê na parada seguinte.

Sobretudo quando o próximo endereço tem acesso por um corredor de rochas esculpidas por quedas d’água que escorrem por paredões rochosos que levam a um salão natural que fica dentro de um cânion, onde outra cachoeira se exibe desde a época em que o local servia para rituais sagrados dos índios Timbira.

Por isso, Pedra Caída é a versão cenográfica da Chapada das Mesas.

Não que todo o destino não seja capaz de surpreender a cada curva de estrada de terra, mas esse complexo turístico exagerou no cenário.

Ao longo de mais de 13 mil hectares, tem 23 rios, 25 cachoeiras e um cardápio de atividades que inclui tirolesas, cânions, cavernas e trilhas bem estruturadas. É turismo de aventura familiar para todos os níveis de adrenalina.


Cachoeira do Santuário

Pedra Caída é uma espécie de clube (com hotel e tudo), mas são as caminhadas a pontos escondidos que fizeram da atração uma das mais procuradas do destino.

Passarelas de madeira cruzam florestas fechadas até cachoeiras que despencam dentro de cavernas, como a da Caverna, cuja trilha molhada leva até um poço formado por uma queda d’água de 12 metros.

Seria mais uma opção de visita, entre tantas nessa chapada, não fosse o Santuário, onde o sagrado tem acesso por um rio, em um cânion de dois mil metros de extensão.

Ao final, à direita, um salão natural recebe as águas agitadas de uma cachoeira de 46 metros de altura, cujo topo é, constantemente, visitado por andorinhões que também parecem não acreditar no que veem.

E pode chorar, dar grito de libertação ou ficar ali por horas observando um dos cenários mais impressionantes da Chapada das Mesas, pois os guias já estão acostumados com as reações que o local costuma causar em visitantes.

Para ver a potência cênica (e emocional) de Pedra Caída, o complexo conta também com teleféricos que deixam os visitantes no ponto mais alto do atrativo, de onde é possível voltar em duas opções de tirolesas, de 1.200 e 1.400 metros de extensão.

foto: Eduardo Vessoni

Cachoeiras Gêmeas

A 30 quilômetros de Carolina, são duas quedas paralelas de até 10 metros sobre uma pequena praia com bancos de areia em águas correntes que passam nos fundos de uma propriedade particular.

Conhecido também como Cachoeiras de Itapecuru, o local é equipado com caiaque para aluguel, restaurante com vista para as cachoeiras e espaço para descanso sob uma tenda.

Outro clássico da região são os poços naturais de águas, exageradamente, azuladas que se ocultam entre a mata fechada, como o Encanto Azul e o vizinho Poço Azul, ambos a 135 quilômetros de Carolina, na cidade de Riachão.

É no Poço Azul que fica uma das cachoeiras mais altas do destino, a impressionante Santa Bárbara, com 76 metros de queda.

Cachoeira Santa Bárbara (foto: Eduardo Vessoni)

Fim de tarde na Chapada das Mesas

Faltam também adjetivos para descrever finais de tarde exagerados em braços escondidos de rio e poços azuis que se fundem a florestas densas de fácil acesso, como no Rio Tocantins, um divisor natural entre Carolina, no Maranhão, e Filadélfia, no Tocantins

E é ali onde o pôr do sol também é atração turística.

Do centro de Carolina partem os barcos rápidos que riscam as águas desse rio de mais de dois mil quilômetros, considerado o segundo maior curso d’água em terras brasileiras, numa viagem sem novidades, com mangues e florestas alagadas em suas margens, até a Pedra Encantada, cujo nome dispensa explicações.

A 22 quilômetros de Carolina, rio adentro, essa formação natural de oito metros de altura desponta em uma área de alagamento do Tocantins, que surgiu com a construção de uma hidrelétrica.

Foi-se o curso natural do rio, mas ficou uma imensa piscina, entre platôs e florestas, sob um dos pontos mais lindos para observação do pôr do sol.

E se você achava que já tinha visto tudo em terras brasileiras é porque ainda falta desembarcar em um dos endereços mais exclusivos desse Brasil interior de águas abundantes e cenários brutos.

Pedra Encantada (foto: Eduardo Vessoni)

Como chegar na Chapada das Mesas

Para chegar lá, o Viagem em Pauta foi recebido pela Cia do Cerrado, a primeira agência de ecoturismo na região da Chapada das Mesas e com serviços de transfers e pacotes de atividades de até nove dias.

A agência comercializa também roteiros de ecoturismo, como o Jalapão (TO), Lençóis Maranhenses (MA) e a Rota das Emoções, roteiro formado por atrativos naturais no Maranhão, Piauí e Ceará, como o Delta do Parnaíba e Jericoacoara.

O caminho mais fácil é pelo aeroporto de Imperatriz, a 220 quilômetros de Carolina, onde chegam voos operados pela Latam (diretos de São Paulo) e Azul (com conexão em Confins, em Minas Gerais).

Em simulação para uma viagem em maio de 2024, em sites de busca de passagens aéreas, o Viagem em Pauta encontrou opções a partir de R$ 1.154 (ida e volta), em um voo direto de três horas de duração pela Latam, saindo de São Paulo.

Pela Azul, que tem voos com conexões em Confins e São Luiz, a tarifa para o mesmo período saía por R$ 1.186,52, com longas esperas nos aeroportos de Minas e da capital maranhense.

Porém, assim como informou um dos proprietários da Cia do Cerrado para o Viagem em Pauta, não é raro encontrar passagens por R$ 600 (ida e volta), em meses de menor movimento, como agosto.


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