Como é o voo do Brasil para o Caribe pela Air France

Em 2023, o Caribe ficou mais perto do turista brasileiro. E, dessa vez, vai ser como desembarcar na França, sem ter que cruzar o Atlântico.

Desde maio, a Air France opera a rota entre Belém, no Pará, e Caiena, capital da Guiana Francesa. É logo ali, mas a viagem ainda não terminou. Dali, a mesma aeronave segue para Fort-de-France, porta de entrada da Martinica, no Caribe francês, de onde o Viagem em Pauta acabou de voltar.

“Existe uma demanda significativa entre Belém e Caiena que envolve um mix de negócios, compras e turismo, portanto o nosso público-alvo é heterogêneo, mas com foco principal no cliente de negócios”, explica Manuel Flahault, diretor geral do Grupo Air France-KLM na América do Sul.

O voo segue também para outro destino nas Caraíbas, Pointe-à-Pitre, principal cidade da ilha vizinha de Guadalupe, ao norte da Martinica.

Plage des Salines (foto: Eduardo Vessoni)

Para o público da região Norte do Brasil, a rota é também uma nova (e conveniente) opção para o Charles de Gaulle, em Paris, sem a necessidade de fazer conexões em aeroportos brasileiros onde a Air France atua, como Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro.

O presidente da agência de viagens Flot, Eduardo Barbosa, acredita que esse voo da Air France é uma excelente opção para viagens ao Caribe porque “a partir da Martinica, os viajantes brasileiros podem aproveitar para visitar Santa Lucía, Dominica e Guadalupe”, ilhas vizinhas que até então estavam (ainda) mais distantes do Brasil.

Só para ter uma ideia, um brasileiro que quisesse visitar Guadalupe, outro departamento ultramarino da França, no Caribe, precisava encarar uma viagem de mais de 20 horas com paradas em pelo menos duas cidades estadunidenses, como Miami e Atlanta.


Já para o presidente da ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens) do Pará, Alex Flávio Silva, o potencial turístico da Martinica é aliar natureza, praias, cultura e história em uma mesma viagem.

“Acho que agrada um público bem viajado que já viu muita coisa e busca algo diferente”, diz.

Por outro lado, apesar do encurtamento de distâncias e da novidade (afinal de contas, o Caribe é muito mais do que as três ou quatro ilhas que o brasileiro sempre costuma visitar), um dos fatores a ser melhorado é a pouca opção de saídas.

foto: Comité Martiniquais du Tourisme

“A dificuldade ainda é a quantidade de voos [para a Martinica], apenas uma vez por semana. Então isso faz com que saiam sempre cheios porque junta muita gente”, analisa Silva, que é também diretor da agência Brazil Amazon, em Belém.

Mesmo com o acordo com a brasileira GOL, a Air France não disponibiliza em seu site a opção de comprar, em um mesmo bilhete, os trechos internos até a capital do Pará, outro ponto que desfavorece quem começa a viagem em outras capitais do Brasil.

Assim como a empresa informou para o Viagem em Pauta, “por questões operacionais, no momento, a Air France só consegue ofertar o voo Belém-Caiena, sem conexões de/para outras cidades brasileiras”.

No total, os voos entre Belém e a Martinica duram entre 4h55 e 5h15, incluindo o tempo de conexão na Guiana Francesa.

LEIA TAMBÉM: “Air France faz 90 anos: veja curiosidades”



Como chegar no Caribe francês?

O voo AF603 (1h25 de duração) parte de Belém, aos sábados, às 9:50, e chega em Caiena, na Guiana Francesa, às 11:45. Após o desembarque para trâmites de imigração na Guiana Francesa (ou na Martinica, no roteiro de volta ao Brasil), o passageiro segue às 12:35 para Fort-de-France, na Martinica, na mesma aeronave, no AF601, cuja viagem dura outras 2h10.

Na volta, o voo AF600 decola da capital martinicana, às sextas-feiras, às 12:35, e tem pouso na Guiana Francesa programado para às 15:45. A última perna da viagem é no AF602, no mesmo dia, às 17:15, e com pouso em Belém, às 18:50.

Ambos trechos são realizados com o Airbus A320, com 170 assentos e Wi-Fi a bordo.

A320 da Air France (foto: Divulgação)

Embora não seja necessária nenhuma vacinação prévia para entrar na Martinica, o site do turismo oficial do destino recomenda tomar vacinas contra hepatite e febre amarela. Já as restrições sanitárias relacionadas à COVID 19 não se aplicam desde agosto de 2022, de modo que não são necessários testes ou vacinas para entrar na ilha.

Assim, brasileiros precisam apenas de passaporte para entrar na Martinica. Para mais informações sobre documentos exigidos para viajar com a Air France, acesse o site: airfrance.traveldoc.aero.


Croissant ou risoto ao creme de coco?

Num daqueles casos raros da aviação, essa viagem oferece tarifas nas classes Econômica e Executiva com uma diferença de apenas R$ 54.

Porém, é preciso deixar claro que a Executiva no A320 que vai para o Caribe não tem o mesmo padrão dos voos de longa duração, como reclinação horizontal dos assentos nem área privativa que funciona como escrivaninha ou mesa de restaurante.

Nessa categoria, são duas fileiras na configuração 3-3 (a terceira que aparece na foto não é comercializada), com a poltrona do meio bloqueada para garantir maior espaço para os passageiros sentados no corredor e na janela. Já a Econômica, também 3-3, conta com 162 assentos.

Com distâncias entre poltronas variando de 76 a 79 centímetros, em ambas classes, a diferença é sentida mesmo no serviço de bordo.

Business Class da Air France (foto: Divulgação)

No trecho Belém-Caiena que o Viagem em Pauta testou no último dia 2 de dezembro, foi servido um croissant (nem uma manteiguinha, Air France?) e opções de bebidas quentes, suco de laranja e água.

No voo seguinte, o serviço contou com uma salada fria de cuscus, purê de maçã industrializado e bebidas.

fotos: Eduardo Vessoni

Enquanto isso, na classe Executiva, os passageiros eram servidos com louça, talheres de inox e garrafas de vinho tinto e branco. O Viagem em Pauta provou os serviços nessa categoria, no voo da volta, onde foram oferecidas duas opções de refeição: risoto cremoso ao leite de coco ou fricassé de frango com limão e creme mousseline de batata doce, ambas acompanhadas de pães, queijo e macaron de sobremesa.

Em simulação para saída em janeiro de 2024, encontramos as seguintes tarifas para ida ou volta: R$ 1.633 (na Econômica, sem bagagem despachada nem seleção de assento grátis incluídas) e R$ 1.687 (Executiva).

Serão os R$ 54 melhor investidos em toda a viagem.

Mesmo assim, o empresário Alex Flávio Silva acredita que os preços das tarifas são altos para um destino ainda pouco conhecido entre os brasileiros.

“Com o mesmo valor para a Martinica, é possível ir de Belém para Lisboa [em Portugal] ou Cancún [no México], então, por não ter muita oferta, eles competem com outros destinos bem consolidados, turisticamente”, compara Silva.

Refeição servida na Executiva da Air France (foto: Eduardo Vessoni)

LEIA TAMBÉM: “5 castelos imperdíveis no Vale do Loire, na França”


Para um pouquinho, descansa um pouquinho

Pelo horário de saída do voo de Belém para a Martinica, pela manhã, passageiros de outros estados nem sempre conseguem conciliar a viagem com os voos internos, de modo que será preciso pernoitar na capital paraense.

Uma opção para recarregar as energias antes de seguir para o Caribe é o Amazon Vip Lounge (@amazonviplounge), uma sala com luz mais baixa e decoração com elementos amazônicos, como vasos marajoaras e o tradicional miriti dos barquinhos da região.

A estrutura inclui banheiros privativos, poltronas reclináveis, wi-fi, estação de trabalho, monitor de voo e buffet com sanduíches, salgados, pizza, bolo de cupuaçu com castanha do Pará, torradas, saladas e opções de bebidas como vinhos (espumante, tinto e branco), cerveja, energético, suco, refrigerante, iogurte, chá, café e chocolate quente.

O acesso de quatro horas pode ser avulso (R$ 150 por pessoa) ou para portadores do cartão Black (Mastercard e Elo). Já a sala de banho custa R$ 25 e inclui chuveiro elétrico, toalha e sabonete.

foto: Eduardo Vessoni


Mas, afinal, onde fica a Martinica?

A ilha é um dos pedaços de terra que formam o arquipélago das Antilhas, um arco vulcânico localizado entre o oceano Atlântico e o Mar do Caribe, a 450 quilômetros da costa da América do Sul.

O destino está entre outras duas ilhas das Pequenas Antilhas – Guadalupe, ao norte, e Santa Lucía, ao sul – e é considerado um departamento ultramarino francês, ou seja, é a França além-mar, um pedaço do país que não fica exatamente na Europa.

Ainda desconhecida do turista brasileiro, a ilha tem uma variedade de atividades para todos os perfis de visitantes, de roteiros históricos a turismo de aventura, passando por museus, destilarias de rum e praias de águas cristalinas.

Mas isso é uma história que você acompanha aqui no Viagem em Pauta, ao longo das próximas semanas.

Jardin de Balata, na Martinica (foto: Eduardo Vessoni)

VEJA TAMBÉM: “Destinos incríveis para entender a história de Napoleão”

* O jornalista Eduardo Vessoni viajou com o apoio do Comité Martiniquais du Tourism, Air France e Atout France.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*