No próximo domingo, 9 de junho, termina a exposição Mário de Andrade: duas vidas, em cartaz no MASP (Museu de Arte de São Paulo).
Considerada a primeira exposição a abordar o olhar queer do pai de Macunaíma, a exposição tem curadoria de Regina Teixeira de Barros e reúne 88 peças do acervo do IEB-USP (Instituto de Estudos Brasileiros), entre imagens sacras e obras de arte reunidas pelo escritor-colecionador.
Ainda que o escritor fosse considerado à frente de seu tempo, discussões levantadas por ele, como preservação do patrimônio histórico e valorização da cultura popular, ainda são assuntos mal resolvidos no Brasil.
Em se tratando de sexualidade, então, essa exposição no MASP não poderia ser mais atual e necessária.
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“Da mesma forma que a questão racial [do Mário] foi um tabu, durante muitos anos, o mesmo aconteceu com a sexualidade dele. Ao falar desse assunto, se desfaz um pouco essa homofobia estrutural que a gente vive. Não falar da sexualidade do Mário significa silenciar e colaborar com essa estrutura social mais engessada”, analisa Regina, em entrevista para o Viagem em Pauta.
Mário de Andrade: duas vidas está dividida em três núcleos temáticos.
O primeiro tem retratos feitos por artistas como Lasar Segall, Candido Portinari e Tarsila do Amaral, com suas “pinturas de um Mário oficial, conhecido e divulgado”, como explica Regina.
O outro expõe figuras religiosas adquiridas por esse colecionador de arte compulsivo, que chocou a família católica quando chegou em casa com a escultura de um Cristo de tranças, assinada por Victor Brecheret.
“Onde se viu Cristo de trancinha! Vosso filho é um perdido mesmo”, estrilou uma velha tia.
“São imagens canonizadas pela historiografia da arte, mas que você pode contemplá-las sob um olhar gay”, analisa a curadora.
O público poderá ver também a seleção de fotografias que o antiviajante fez de trabalhadores, em suas viagens pelo Norte e Nordeste brasileiros, alguns deles com o corpo semi nu, como a de um homem subindo num coqueiro só de bermuda.
A exposição faz parte da programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+.
SAIBA MAIS
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista
Tel.: (11) 3149-5959
Terças, das 10h às 20h; e de quarta a domingo, das 10h às 18h
R$ 70 (inteira) e R$ 35 (estudantes, professores e maiores de 60 anos)
Grátis, às terças
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
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