Serra Gaúcha zen: confira atrativos

Seja lá qual for a temporada, a região serrana do Rio Grande do Sul nunca perde sua fama de destino de inverno. Mas o turismo por ali vai além dos prazeres do corpo (do vinho e da fondue, sobretudo) e leva o visitante para experiências que alimentam também a alma.

Neste roteiro zen, você faz uma viagem para dentro, literalmente, em caminhadas pelo interior de cânions, parques isolados, templo budista e até no primeiro restaurante tibetano do Brasil.

E tem gente de longe que encontrou (e se encontrou) naqueles Campos de Cima da Serra, no extremo nordeste do Rio Grande do Sul, onde o estado toca a vizinha Santa Catarina.

Templo Khadro Lin, em 3 Coroas (foto: Toni Protto/WIkimedia Commons)

Quando Chagdud Tulku chegou ao Brasil, após um exílio na Índia e no Nepal, por conta das perseguições da Revolução Cultural Chinesa, encontrou no Sul uma geografia parecida a do Tibet, como o terreno montanhoso e as temperaturas mais baixas de sua terra natal.

Em Três Coroas, a 32 km de Gramado e a 100 km de Porto Alegre, esse lama construiu o templo Khadro Lin, em 1995. Essa réplica de um tempo budista tibetano entrou na rota do turismo gaúcho como alternativa espiritualizada para quem procurava outras experiências na região.

O local abriga o La Kang, o templo principal, morada das deidades com imagens produzidas no Nepal e na Índia, que representam os diversos Budas. É ali que acontecem as meditações matinais dos moradores da comunidade do Khadro Ling.

O templo tem também as Rodas de Oração, grandes cilindros que guardam mantras que, ao serem girados, espalham bênçãos; e uma estátua gigante de Akshobia, o Buda da superação da raiva, representado pela cor azul e feito em cimento.

Em meio a jardim de estátuas, lamparinas e bandeiras de orações que se agitam ao vento, fica também o emocionante Terra Pura de Guru Rinpoche, uma construção de telhados amarelos, erguido como réplica da moradia de Padmasambava, cujo interior guarda delicadas pinturas e estátuas que representam diferentes manifestações dessa deidade, conhecida também como Guru Rinpoche, responsável por levar o budismo vajrayana para o Tibet.

Espaço Tibet, em Três Coroas (foto: Eduardo Vessoni)

1º restaurante tibetano do Brasil

Não muito longe da Serra Gaúcha fica o Espaço Tibet, considerado o primeiro restaurante tibetano do Brasil.

“Neste restaurante, eu quero dividir com os brasileiros a minha paixão pelo Tibet”, conta Ogyen Shak, chefe de cozinha, em depoimento para o jornalista Eduardo Vessoni, editor do Viagem em Pauta.

Quando tinha 16 anos, Shak cruzou a pé a cordilheira asiática, ao lado de três de seus irmãos, fugindo da invasão da China comunista no Tibet. Foram dois meses andando sobre o gelo até o Nepal, o que lhe rendeu uma gangrena que comprometeu os dedos de um dos seus pés.

Ogyen Shak (foto: Eduardo Vessoni)

Após uma longa internação de um ano, num campo de refugiados tibetanos em Dharamsala, na Índia, ele recomeçou a vida com arte sacra, pintando em templos de mestres como Dalai Lama e Dzongsar Kyentse Rinpoche.

E foi num daqueles rituais budistas que o falante Shak começou a se interessar pela culinária.

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Serra Gaúcha profunda

No setor mais oriental da divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina ficam os Campos de Cima da Serra, na Serra Geral, marcados por um platô que abriga destinos como Cambará do Sul, Jaquirana e São José dos Ausentes.

É nessa região que vales profundos se abrem, em meio a imensos paredões de rochas basálticas, e dão origem a cânions profundos.

Cambará do Sul, a 100 km de Três Coroas, é a Terra dos Cânions, endereço de dois parques nacionais: o de Aparados da Serra, onde fica o cânion do Itaimbezinho, e o da Serra Geral, cuja monumentalidade fica por conta do Fortaleza, o mais largo (7,5 km) e o mais profundo da região, com encostas que chegam a 900 metros de altura.

A regra ali é caminhar, em trilhas que vão de 400 metros a 12 km de extensão, como a exigente Trilha do Rio do Boi, uma caminhada pelo interior do Itaimbezinho que cruza mata fechada, pedras, cachoeiras e rio.

Trilha do Rio do Boi (foto: Eduardo Vessoni)

Serra Gaúcha high-tech

Em São Francisco de Paula, a pouco mais de 120 km de Porto Alegre (RS), fica a Pousada do Engenho.

O local é conhecido pela Cabana 15, espaço com 170 m² que surpreende não só pelas dimensões internas, onde cabe até uma lareira, um closet climatizado e um mini spa.

Aliás, a discrição desse hotel de 2,8 hectares se exibe em detalhes como as passarelas de madeira, entre xaxins e araucárias que escondem cada uma das cabanas; uma casa na árvore que pode ser alugada; e um spa que fica dentro de um antigo engenho de mandioca que foi trazido da vizinha Santa Catarina.

Tudo o que possa ser acionado na cabana é feito por dois iPads de tecnologia amigável, disponíveis para os hóspedes: luzes, painéis que cobrem as janelas, claraboias que escondem e revelam o céu sobre nossas cabeças, a TV que sobe entre um balcão fino de madeira, a banheira com cromoterapia e até a temperatura da sauna.

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