Conheça o puma de Torres del Paine, na Patagônia chilena

Vínhamos a guia de expedição e eu, em uma conversa descompromissada sobre política chilena, geografia patagônica e praias paradisíacas do Brasil, quando o motorista fez uma parada brusca na beira da estrada estreita de cascalho.

O motivo da parada não programada naquelas terras isoladas de ar congelante era um puma que nos olhava com desdém, a menos de dez metros de distância.

Um, não. Três. A fêmea e dois filhotes.

– “Posso descer?”, arrisquei, esperando uma negativa.

– “Claro”, devolveu a guia.

Para cada passo dado em direção àqueles gatinhos que chegam a 100 kg e dois metros de extensão, a mãe se aproximava com outras duas passadas. Fiquei ali, paralisado, disparando o dedo no botão da câmara.

Aquele era um momento raro. Em oito meses de temporada no hotel, minha guia de expedição havia visto apenas cinco vezes aquele bicho raro e tímido.


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Puma da Patagônia
Maior felino do Chile, o puma é um dos animais mais famosos do Parque Nacional Torres del Paine, na Patagônia. Esse gatinho gigante é um dos maiores felinos do mundo, assim como o leão, o tigre e a onça-pintada.

Mas diferente de seus primos, o puma não ruge, mas mia como um gato. Por isso ele não faz parte do gênero panthera.

Não mia, mas adora um guanaco, seu principal alimento. Aliás, os pumas são fundamentais para o equilíbrio do ecossistema patagônico, pois fornecem alimentos para espécies necrófilas, como o condor.

foto: Tierra Patagonia/Divulgação

Esse felino habita principalmente regiões montanhosas, do Canadá à Patagônia, cuja geografia do Parque Nacional Torres del Paine oferece refúgio entre rochas e esconderijo para caçar.

Ele é conhecido também por sua pelagem de tom cinza avermelhado que favorece sua camuflagem na hora da caça.

Em estado vulnerável de conservação, o puma patagônico tem uma expectativa de vida de cerca de 10 anos. Atualmente, o Parque Nacional Torres del Paine tem de 50 a 100 indivíduos.

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Torres del Paine

A história que abre este texto aconteceu durante a trilha Orígenes de la Vida, um caminhada exclusiva de três km que pode ser feita pelos hóspedes do hotel Tierra Patagonia, conhecido pelos quartos com imensos janelões de vidro com vista para as Torres del Paine, na Patagônia chilena.

Assim como me informou a guia, o local é considerado um dos mais fáceis para avistamento de pumas.

Mas isso não é tudo.

Vista do terraço do Tierra Patagonia, hotel com vistas para Torres del Paine (foto: Morten Andersen/Divulgação)

Inspirado nas formas criadas pelo vento, o projeto arquitetônico do Tierra Patagonia é uma construção horizontal que tem vidros e madeiras de lenga, árvore nativa da região, como principais materiais.

A arquitetura camuflada que esconde o hotel em meio à estepe, em um terreno abaixo do nível do solo, tem elementos patagônicos também no interior do empreendimento, onde se destaca o uso de madeira, pedras e lã de ovelhas.

Ou seja, tem Patagônia do lado de dentro e de fora.

Patagônia chilena, na região de Torres del Paine (foto: Morten Andersen/Tierra Patagonia)

A rede Tierra, que também conta com unidades no Atacama e em Chiloé, é conhecida pelos passeios exclusivos para hóspedes. Eles chamam de excursões, mas bem que poderiam ser pequenas expedições Patagônia adentro.

Diariamente, guias e hóspedes se reúnem para traçar os roteiros dos passeios do dia seguinte, um menu que inclui desde caminhadas curtas em mirantes e lagoas glaciais até explorações de um dia completo às bases das Torres.

Os destaques ficam para as trilhas Hunters Tail, uma caminhada de 6,5 km (nível médio) que passa por pinturas rupestres e área de animais selvagens; e a trilha Base de las Torres, um trekking de dificuldade alta (18 km de extensão) que leva os hóspedes até as bases das três famosas torres de granito da região. SAIBA MAIS

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