* Este é um texto jornalístico, exclusivamente, informativo e não substitui uma consulta médica. Se você se identifica com os sintomas citados abaixo, procure a ajuda de um especialista e nunca se automedique.
Para alguns, pode ser motivo de risadas ou parecer capricho e esquisitice, mas o medo de viajar tem nome: hodofobia.
As reações podem ir de falta de ar a ataque de pânico, além de taquicardia, tremores, sudorese e dores de estômago.
Assim como explica o psiquiatra do hospital Albert Einstein, Alfredo Maluf, em entrevista para o jornalista Eduardo Vessoni, a origem desse tipo de medo sem motivo aparente pode ser explicado por questões genéticas ou por algum trauma ao viajar, como uma situação difícil que o viajante precisou enfrentar.
Para Maluf, a recente pandemia de coronavírus também facilitou o desenvolvimento de problemas emocionais, como ansiedade, depressão e outras fobias.
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Medo de viajar
Se você se identificou com algumas das situações citadas, anteriormente, lembre-se que você não está sozinho.
Independente do meio de transporte, a hodofobia é o medo de viajar que já atingiu profissionais, em menor ou maior escala, que deveriam estar na estrada com mais frequência. Ariano Suassuna foi um deles.
Morto em 2014, o escritor paraibano não gostava de viajar e, certa vez, com seu inconfundível bom humor, chegou a dizer que as pessoas achavam que ele não gostava de avião, “mas eu não gosto de viajar de jeito nenhum”.
Só para seguir na literatura, Mário de Andrade era outro anti viajante assumido (“não gosto de viajar, perco 90% de mim, sobretudo liberdade de pensar”), assim como Graciliano Ramos, para quem os aviões eram “encrencas voadoras”.
Mas o medo de viajar não é a única fobia possível. E, para cada uma delas, tem um nome específico.
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O medo do frio intenso se chama criofobia, o de escada rolante é escalafobia e o de ruínas, atefobia. Já Graciliano Ramos, assim como o arquiteto Oscar Niemeyer, sofria do que hoje é chamado de aerofobia.
Especializada em medicina comportamental, a psicóloga clínica Fernanda Gomes acredita que, mesmo diante de estatísticas sobre segurança aérea, não tem como convencer irracionalmente uma pessoa que não consegue agir.
“A pandemia trouxe um cenário de ansiedade para o mundo inteiro”, diz a psicóloga sobre o medo do desconhecido, que agora é substituído pela ansiedade causada por esse “novo normal”.
“Quem comanda é o lado irracional, é algo invisível”, completa Gomes, em depoimento para o jornalista.
Se, por um lado, a viagem em si pode ser um causador de ansiedade, por outro, é preciso encontrar aquilo que acalma o viajante, como exercícios de respiração, meditação ou até terapia.
Porém, quando notar que está mais difícil viajar, do ponto de vista emocional, o viajante deve procurar ajuda médica para enfrentar os próprios medos.
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